Feira de Euclides da Cunha, registro de Patrícia Quirino Rocha e Maria Augusta Mundim Vargas
Uma
ode às feiras-livres
Com
saudações cordiais
A
quem porventura ler
Sobre
as nossas feiras-livres
Das
quais venho discorrer
Para
o terceiro Zoordel
Nos
versos deste cordel
Com
todo orgulho e prazer:
Primeiro
reconhecer
Com
saudações cordelistas
Conhecidas
feiras-livres
Como
um berço de artistas
Com
saberes e sabores
Cheiros,
sons, toques e cores
Pra
nativos e turistas
Objeto
de cronistas
Destino
das novidades
As
ancestrais feiras-livres
Deram
origem às cidades
Os
velhos guardam memórias
Os
novos ouvem as histórias
Das
letras e oralidades
Lugar
de oportunidades
De
comprar, vender, trocar
As
feiras-livres resistem
Em
quase todo lugar
Espaços
de interação
Reduto
da Tradição
Da
Cultura Popular
Nela
se pode encontrar
A
arte do artesão
Itens
da agricultura
Com
o calor do povão
Com
interação assaz
Nas
feiras-livres se faz
A
vida em força e pulsão
Saberes
sem restrição
Num
caldeirão cultural
As
feiras-livres promovem
Convivência
social
Da
plebe à burguesia
Salvaguarda
economia
No
cerne comercial
Vige
evento atemporal
Palco
das diversidades
De
tradições, de culturas
Reforçando
identidades
Artesãos
e ambulantes
Artistas,
gentes, feirantes
Em
todas nossas cidades
Cores
e variedades
Da
cultura brasileira
Dos
primórdios até hoje
Feira-livre
alvissareira
Espaço
de equidade
Um
palco da humanidade
Que
se configura a feira
Importância
verdadeira
Para
socialização
As
feiras-livres promovem
Intensa
aglomeração
O
povo se reencontra
Na
feira o artista encontra
Espaço
e divulgação
No
mais distante rincão
Tem
na feira seu alento
Ambulantes
e feirantes
Dela
tiram seu sustento
“Shopping”
por definição
É
trabalho, é diversão
Lugar
de pertencimento
Dado
o desenvolvimento
As
feiras evoluíram
Com
as tecnologias
As
novidades surgiram
Feira-livre,
firme e forte
De
pequeno ou grande porte
No
seu padrão resistiram
As
feiras não se extinguiram
Com
o Comércio pujante
Laços
de afetividade
Fazem
da feira pulsante
Nesse
belo painel
Do
seu público fiel
Tem
apoio importante
A
feira é preponderante
Na
vida de uma cidade
Para
o pobre periférico
Pra
toda comunidade
E
por isso hoje a feira
Tradicional
brasileira
Exibe
vitalidade
Na
contemporaneidade
Com
tantas contradições
É
lugar de resistência
Pra
estreitar relações
Seus
usuários aprovam
Feiras-livres
se renovam
Exibem
novas versões
Reduto
de multidões
A
feira-livre é destino
Buscando
o preço menor
E
o contato genuíno
Como
peculiaridade
Pois
a sociabilidade
Tá
no sangue Nordestino
No
início campesino
Nas
vilas e povoados
Viram
surgir com a feira
O
comércio organizado
Feira-livre
ainda existe
Resistindo
subsiste
Sem
perder o seu reinado
É
o espaço consagrado
Para
trocas sociais
Nas
feiras tem tradição
E
valores culturais
Onde
convivem concordes
De
proletários à lordes
Todas
classes sociais
Sobretudo,
além do mais
Faz-se
mister ressaltar
Que
a comida da feira
É
pra todo paladar
Sarapatel
e buchada
Com
galinha e quiabada
É
pra comer e rezar
Frutas
pra saborear
Caju,
manga e graviola
Umbu,
cajá, sapoti
Uma
moda de viola
Na
Feira bater um papo
Com
licor de jenipapo
Voz,
“Tareco e mariola”
Feijão
verde na sacola
Com
pesada de fussura
Um
cordão de licuri
Tijolo
de rapadura
Agricultor
dá o tom
Feira
tem do que é bom
Do
cerne da Agricultura
Tem
lindas xilogravuras
Feitura
de artesanato
Rede,
bogó, arupemba
Tem
do chapéu ao sapato
Cantada
em prosa e verso
É
a feira um universo
Tudo
de bom e barato
E
quem quer o melhor prato
De
tudo se tem na feira
Tripa
e ovo de codorna
Tapioca
e macaxeira
Rim
guisado sem desleixo
Manuê
e quebra-queixo
Da
Tradição Catingueira
E
nossa gente guerreira
Faz
a feira exuberante
Na
ebulição cultural
No
clima contagiante
Respeitar
a tradição
Seu
espaço e seu padrão
Seu
legado, doravante
E
respeitar o feirante
Na
lida de cada dia
Na
dinâmica da feira
Resistindo
à revelia
Ele
é protagonista
Nesse
palco ele é artista
Trabalha
com alegria
Ele
faz com maestria
A
bela recepção
Ao
dispor dos seus produtos
Com
diligente atenção
Para
atender ao cliente
Realizado
e contente
Segue
com satisfação
Para
além da relação
Entre
feirante e cliente
A
feira-livre promove
Aglomerado
de gente
De
muitas cosmovisões
Para
todas gerações
Um
espaço abrangente
E
na feira é recorrente
Repentistas,
cantadores
Para
aglutinar o povo
Os
poetas precursores
Da
Cultura e Tradição
Com
a viola na mão
Cantando
dores/amores
Entre
artes e labores
A
feira-livre é lugar
Onde
a vida se renova
De
um modo singular
Sendo
a feira tão plural
Um
caldeirão cultural
No
conceito basilar
E
assim para encerrar
Essa
breve explanação
Ressalto
que as feiras-livres
Acima
de tudo elas são
De
modo simples didático
Ambiente
democrático
Na
sua organização
E
grato pela atenção
Deixo
aqui este recado
Sobre
nossas feiras-livres
E
seu enorme legado
Que
depois do feudalismo
Ganhou
no capitalismo
Seu
espaço consagrado
No
mundo modernizado
Com
mercado virtual
As
feiras prosseguem vivas
Com
todo potencial...
Tem
maquineta na mão
Com
Cheque, Pix, Cartão
(Não
há feira virtual)
E
chegando ao final
Busquei
tentar ser fiel
Ao
falar das feiras-livres
Traçando
tal painel
Do
ensejo aproveito
Pra
deixar todo respeito
Nos
versos desse cordel.
21/06/2024
Texto produzido para 3ª Edição do Concurso de Coordel - Zoordel - realizado pela Rede de Museus da UEFS, Casa do Sertão, PROGEL e PROEX da UEFS Editora, ficando o presente texto em 5º lugar em 166 classificados.
"Olhando tal resultado, estou sem acreditar, que o meu cordel sobre a feira, tirou o 5º lugar, é mesmo feliz surpresa, por esta grande proeza, motivo de se orgulhar."