domingo, 29 de setembro de 2019

Sobrevida na Rede


Sobrevida na Rede

Nesta Rede cabe tudo
FakeNews e informação
Altruísta e fascistóide
Absurdo e aberração
Homeschooling um ruído
Ou escola sem partido
Confusão obsessão

Mas também cabe cordel
Com poesia ritmada
Com temas de toda monta
Conversa bem afinada
Com crítica e louvação
Biografia ou ficção
Tem sobrevida ampliada.

(Inamar Coelho)

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Cordel na Rede


Cordel na Rede


O Cordel que é secular
Trazido de Portugal
Chegando aqui no Nordeste
Começou de forma oral
Ultrapassando o soneto
Persistiu com seu folheto
Pendurado no varal

A modernidade veio
E cordel sobreviveu
Hoje resiste na rede
A essência não perdeu
É notícia e diversão
É humor e informação
E ao tempo transcendeu.

(Inamar Coelho) 27/09/2019

Lula Livre!


Lula Livre!

Lula é preso político
Do acordo nacional
Com o congresso e com tudo
Em um acordo venal
Para entregar o país
E liberar os fuzis
Privatizando geral

Lula preso está livre
Tornou-se muito maior
Contrariando o mito
Com o povo em derredor
Assiste de camarote
Passou de homem a mote
Pena, o país tá pior.

(Inamar Coelho 27/09/2019)

Greta e os fascistas.



Greta e ofascistas

Greta Thumberg na ONU
Em discurso contundente
Chamou a atenção do mundo
De modo bem comovente
Com a força de gigante
Contra o crime gritante
Alertou a toda gente

Os fascistas de plantão
Nem quiseram disfarçar
Em comentários maldosos
Pra lhe desqualificar
Espalhando fakenews
Comportamento imbecil
Não podem ver uma vergonha
Que querem logo passar.

(Inamar Coelho)

Uma Luz no fim do túnel

Uma Luz o fim do túnel

Em nome de uma moral
Pautada na hipocrisia
No desejo das elites
Na burrice e teimosia
Perdemos o criticismo
Caímos em um abismo
Entramos na distopia

O país perdeu o rumo
Na loucura se detém
Amazônia arde em chamas
O trabalhador refém
A idade média traduz
No fim do túnel uma luz
Que pode ser a do trem.

(Inamar Coelho 27/09/2019)

A morte da feira (de Euclides da Cunha - Bahia)

A morte da feira (de Euclides da Cunha - Bahia)

Caro povo desta terra
Cumbe cidade boa
O nome que sempre ecoa
Por causa da grande guerra
Seu povo acolhedor
Acolhe parvo ou doutor
E não pede pagamento
Povo pacato e feliz
Quem vem de fora é quem diz
Terra de encantamento

Mas não posso esconder
Também tanta pobreza
Na sede e na redondeza
É algo duro de ver
O único bem do pobre
É o dia de ganhar o cobre
Na feira livre do sábado
Já querem mudar seu dia
Pra sexta o rádio anuncia
E o povo preocupado

Proposta sem cabimento
Só beneficia o lojista
Que quando vende a vista
É um acontecimento
Enquanto o pobre na feira
Compra pra família inteira
Com um precinho barato
A mesma roupa da praça
A vista e quase de graça
Comida roupa e sapato

Mudando pro dia da sexta
Barraqueiro não vem cá
Fica em outra feira lá
Claro que ninguém é besta
Comércio fecha mei'dia
A feira fica vazia
E o pobre fica arrasado
Tendo que comprar na loja
Com um preço que enoja
Até quem é endinheirado

Querem que mude o dia
Pra não pagar hora extra
Sendo mudado pra sexta
O sábado é meio dia
Muito pobre nem vem cá
Nem vender e nem comprar
Pois a sexta é dia útil
Dia de ganho na roça
É uma tradição nossa
Pra vir pra feira é inútil

O sábado é dia de festa
Pro pobre e também pro rico
Comprar sulanca, penico
O que presta e o que não presta
Madame compra na feira
Roupa pra família inteira
E sai com pose granfina
O lojista chupa o dedo
E reclama do desprezo
Quando não enche a vitrina

A cidade muito cresceu
Com a feira grande, completa
De tudo ela é repleta
E orgulho de todos e meu
Vem barraqueiro de fora
Com novidades da hora
E vestem nossas meninas
Nas barracas comem almoço
É tudo um alvoroço
"Inda compram gasolina

Daqui não temos nada
Nem roupa e nem banana
Farinha, feijão e laranja
É tudo coisa importada
De Sergipe principalmente
Para sorte dessa gente
Feira farta e mais barata
Quem quiser mudar a feira
Só faz grande besteira
É coisa rude e ingrata

Mas não fica só na data
Vão também mudar o lugar
Pra acabar de completar
Essa medida ingrata
Pro centro de abastecimento
Tirando aqui do centro
Onde tudo começou
A feira fez a cidade
Quem lhe deu prosperidade
Nome, respeito e valor

É bom que fique lembrado
Que a feira veio primeiro
E foi o seu formigueiro
Que deu vida ao povoado
Pertencendo a Monte Santo
O Cumbe era um recanto
Desta terra abençoada
Aqui a feira crescendo
Com as "casa" aparecendo
Deu-lhe vida e salvaguarda

Hoje com a cidade pronta
Querem matar nossa feira
Afirmando uma asneira
Fazendo ao povo uma afronta
Dizendo que é o progresso
Pra mim é só o regresso
Pois vai maltratar o pobre
Lá não tem lugar pra tudo
O projeto é absurdo
E não tem nada de nobre

A feira é nossa cultura
É só o que temos de nosso
Já sinto até o remorso
Se aceitar essa loucura
Vamos perder nossa cara
Só o tolo não repara
O que vai acontecer
A feira ficando pequena
Será no fim uma pena
A bichinha vai morrer

Vai morrer muito bebinho
Quando atravessar o asfalto
E vai é ter muito assalto
Pra tanto pobre velhinho
A cidade vai perder
E o que vai acontecer
É virar um cemitério
Com sua avenida nua
Tirar essa feira da rua
É mesmo um despautério

A riqueza dessa cidade
Não é comércio, é a feira
De segunda a sexta- feira
Pouco vende, é verdade
No sábado o comércio mata
Algo que você constata
E só ver o formigueiro
Falo sem fazer desdém
Todo mundo vende bem
É um shopping verdadeiro

Mudando o seu lugar
Muda também o perfil
É um desmerecido ardil
É um golpe pra matar
A feira vai ficar pobre
E o pobre ficar mais pobre
Não vai ter o que fazer
Lá o espaço é pouco
E o povo vai ser pouco
Que vai comprar ou vender

Esse é o tal progresso
Que chega nessa cidade
Nesse Cumbe, na verdade
E querem fazer sucesso
Só depois vão se dar conta
Que a proposta é afronta
E não pode acontecer
Não podem matar a feira
É uma grande besteira
Logo vão se arrepender

Vamos salvar nossa feira
E salvar nossa cultura
A nossa riqueza pura
É a feira, é a feira
Que agora querem matar
Mudando o seu lugar
Arrancando pela raiz
Não se muda arvore adulta
E podem fazer consulta
É o que todo mundo diz

Mas o povo é quem decide
É quem pode dizer não
Fazendo aglomeração
E à mudança revide
Basta fazer passeata
Gritando e batendo lata
Cá pelas ruas do centro
Para que a cidade veja
Se é que o povo deseja
Que a feira fique no centro.

por Inamar Coelho - setembro de 2009

Texto escrito em 27 de setembro de 2009 na época das discussões sobre mudar a tradicional feira livre do sábado para sexta-feira e sobre a transferência do centro da cidade para o Centro de Abastecimento construído à época.