segunda-feira, 11 de maio de 2015

Ontologia

CORDEL SOBRE ONTOLOGIA

(pensado para uma aula sobre o tema ontologia dos conteúdos de filosofia no ensino-médio)

Meu caro leitor amigo
Neste instante singular
Peço que junto comigo
Comecemos a pensar
O que é o ser no mundo
E das coisas, qual o fundo
O que é ser e estar

E a coisa, o que é
Qual o seu fundamento
Deixando de lado a fé
Por outro conhecimento
Das coisas a natureza
São muitas as certezas
Diversos os pensamentos

Essa busca é ontologia
Pela essência do ser
Quando ao mito convergia
Se tentava responder
São muitas as tentativas
E sempre o que as motiva
É buscar compreender

O mito por muito tempo
Regia todo o pensar
Mas todo conhecimento
Ficando a desejar
Observar a vida humana
A natureza que emana
Se tentava explicar

Precisava-se da razão
E de uma ruptura
E toda experienciação
Tornou-se eterna procura
Mas o mito continuou
Junto à razão andou
Por toda nossa cultura

Vou mencionar alguns
Que pensaram sobe isso
E de um modo incomum
Prestaram um grande serviço
A toda a humanidade
Que a busca da verdade
Se tornou um compromisso

Será algo resumido
O que tenho pra falar
Jamais será exaurido
Há muito o que estudar
É apenas uma pincelada
Ou uma linha traçada
Para apenas começar

Parmênides – 530 – 460 a.C.
Heráclito – 535 – 475 a.C.

Primeiro os pré-socráticos
Tentaram responder
De modo até mais prático
Era a manifestação do ser
Suas reflexões pioneiras
Em torno das causas primeiras
Sobre o que se podia ver

Parmênides por sua vez
Pensava o ser imutável
Único em si mesmo talvez
Pra sua época louvável
Mas Heráclito pensava
Que do devir se tratava
De fluxo, de ser mutável

Protágoras – 480 - 411 a.C.

Prótagoras  pensou então
Ser o homem a medida
Das coisas, das que são
Que elas são, percebidas
Das que não são, também
Que elas não são, pois bem
Sua catedral erigida

Górgias – 485 - 380 a.C.

Mas  Gorgias pelo seu turno
Trouxe novo pensamento
Seu ceticismo soturno
Tenta novo regimento
É impossível Conhecer
A natureza do ser
E tinha seu argumento

Platão – 428 - 348   a.C.

Toma a palavra Platão
Fala sobre o conhecer
A anamnese, então
Sugere o reconhecer
Explica que o mundo sensível
Junto ao mundo inteligivel
Busca saber o que é o ser

Platão ainda revoluciona
De Alma traz seu conceito
Antes dele se menciona
Mas é dele o preceito
Que a alma da movimento
Dá a vida e complemeto
Ao ser para ser perfeito

Sócrates – 469 - 399 a.C.

Quando chega sua vez
Sócrates questiona então
Em busca de mostrar talvez
O cerne dessa questão
É mesmo na busca de si
Que ele vem introduzir
Do ser a reflexão

Platão antes propusera
Sobre ideias e formas
Aristóteles desconsidera
E propõe uma reforma
Não existe alternância
Então é na substância
Que a essência se conforma

Período Helenista – 323 - 146 a.C.

Tudo ia muito bem
Até surgir Alexandre
Por suas conquistas além
Por isso se tornou o grande
A noção Grega exclusiva
Perdeu a prerrogativa
Conforme o império se expande

O pensamento helenista
Influenciou a filosofia
O pensar grego haja-vista
Lugar ao novo cedia
O Cinismo e o  Ceticismo
O Epicurismo e o Estoicismo
O pensamento regia

Então os Estoicos sugerem
Que o real é corpóreo
E da observação inferem
Haver também o incorpóreo
O primeiro é material
O segundo é mental
Inexprimível e sensório

Para os estoicos existia
Uma inteligência universal
Que a realidade dirigia
A providência racional
O homem, vontade e razão
Mesmo impulsionado então
Por instintos de animal

Plotino 204 – 270 d.C.

As ideias de Platão
Voltam à influência
Neo platonismo então
Uma nova consciência
Então surge Plotino
Seu mais novo paladino
3 hipostases em vigência

O universo foi dividido
Nas hipóstases plotinas
E o ser foi concebido
Na forma que predomina
Como princípio, o Uno
A Inteligência em segundo
E  a Alma o que anima

Descartes 1596 - 1650 d.C.

Vou agora dar um salto
Ao que pensou Descartes
Com ele o ponto alto
Do método seu baluarte
Diz que o sujeito pensante
É que o fundamento garante
O ser das coisas, destarte

Descartes traz 3 substâncias
Ao cerne da ontologia
Res-divina primeira instância
Sua catedral erigia
Res cogitans racionalidade
Res extensa materialidade
Dimensões do objeto aferia

Immanuel Kant 1724 – 1804 d.C

Mas a grande virada
Da questão da ontologia
Foi com Kant inaugurada
Dando ao sujeito a primazia
No centro do conhecimento
Quando antes o entendimento
Nos objetos se construía

É o sujeito que conhece
E representa os objetos
E esse aspecto merece
Um estudo mais completo
Para Kant o conhecimento
Tem na sensibilidade o fomento 
Para o entendimento o trajeto

A intuição seria
Assim o estágio primeiro
O entendimento viria
Seguindo esse roteiro
Para gerar os conceitos
E se chegar ao perfeito
E almejado entendimento

Ao fenômeno, ligadas
Estão a matéria e a forma
Espaço e tempo tomados
Por seu turno como forma
Pois toda experiência
Depende da confluência
Espaço e tempo, informa

Martin Heidegger – 1889 – 1976 d.C.

Heidegger vai preocupar-se
Em diferenciar ser de ente
Dessa forma inaugura-se
Teoria nova, certamente
O homem é ser no mundo
E compreender-se, no fundo
É uma busca consciente

Com três tipos de entes
O homem se dá assim
Os intramundos rentes
Com outros entes, enfim
Também consigo mesmo
Buscando ensimesmo
Encontrar-se outrossim

Todo esse percurso
É para esclarecer
A dificuldade em curso
Pra definir o que é o ser
Mas isso é bem normal
Não chegamos ao final
Muito há a percorrer

Espero que o amigo
Busque comprovação
E tenha nisso que eu digo
Apenas motivação
Para buscar entender
Sobre o mundo e sobre o ser
A partir da indagação


Inamar Coelho (10/05/2015)