sábado, 7 de outubro de 2017

SAGA DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

SAGA DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Meu caro amigo e leitor
Com grande satisfação
Peço vossa atenção
Para o que quero propor
Na função de difusor
Da musa Sociologia
Irmã da filosofia
Que luta pra se firmar
Entre sair e ficar
Padece em agonia

Lá no tempo do império
Rui Barbosa apresentou
Projeto que iniciou
E que se tornaria sério
Trazia ao magistério
Da Sociologia noções
Mas as primeiras lições
Só no tempo da república
Sem alas pra escola pública
E analfabeto aos milhões

Foi com Benajmim Cosntant
A primeira introdução
O positivismo então
O fundamento garante
Mas logo algo frustrante
Do currículo a retira
Pois contra ela conspira
A Reforma de Pessoa
Mas nada acontece à toa
E isso nos admira

Dos anos trinta aos quarenta
Muita coisa aconteceu
Rocha Vaz se comoveu
Em Reforma instrumenta
A Sociologia re-entra
No currículo e no ensino
Para menina e menino
Da série ginasial
Preparatória final
Mas tenha calma, previno

Se em vinte e cinco entrou
Em quarenta e dois saiu
O Estado Novo aboliu
E Capanema brecou
A Sociologia ficou
Ausente mas debatida
E mesmo estando banida
Pelo Golpe de Estado
Seu retorno era almejado
Sua volta defendida

A esperança renasce
Depois de oitenta e oito
Nasce o desejo afoito
Mas ainda um impasse
Não faltava quem brigasse
Por projeto de retorno
Retraçando o contorno
Da lívia Sociologia
Em Substitutivo se adia
Darcy assina o estorno

Do retorno triunfal
Dois mil e oito é o ano
Quebra o bloqueio insano
Com documento legal
A sociologia afinal
Está no ensino médio
E é por seu intermédio
A formação cidadã
A sociedade no divã
À alienação remédio

O governo anuncia
Depois de quase dez anos
Em Reforma, novos planos
Para a ré Sociologia
O reformador desconfia
Que ela nos faz pensar
Por isso melhor deixar
Sem status de matéria
Para morrer na miséria
Junto com a filosofia

Sempre que no poder
O governo é elitista
De cunho capitalista
Já é possível prever
Pela história antever
A entrada e a saída
Toda vez que foi banida
A sociologia da grade
É sem dó nem piedade:
Criticidade tolhida

A sociologia assim
Ante o fato social
Reverte a lei natural
É mesmo o estopim
Em terra tupiniquim
Impede a reprodução
Do senso comum, então
Desnaturaliza a regra
Q’o estranhamento integra
Promove reflexão

Isso incomoda o poder
Então a sociologia
Bem como a filosofia
Eles querem demover
O intento é combater
Impedir que o estudante
Torne-se um ser pensante
Um sujeito mais humano
Libertado do engano
Um cidadão atuante

Agradeço a atenção
E o tempo dedicado
Para ler este recado
Que serve a uma função
Parca contribuição
Para a Sociologia
Que agora abrevia
Sua saga de labuta
Que nunca fugiu da luta:
Com ela se confluía

Onde houver sociedade
Haverá sociologia
Haverá filosofia
Onde houver humanidade
O Ensino de qualidade
Não pode esquecer a regra
A dúvida Nele se integra
Do estranhamento então
A desnaturalização
A consciência se alegra.


(por Inamar Coelho, 7/10/217)

Texto didático escrito em formato de Cordel por ocasição do Curso de Especialização em Ensino de Sociologia no Ensino Médio - UFBA/UAB.