quinta-feira, 29 de setembro de 2022

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Bala de prata

 

Jornalistas se uniram em consórcio de imprensa para divulgar dia a dia os números da pandemia negados pelo governo; jornalistas investigativos descobriram e expuseram escândalos com recursos públicos rompendo os decretos de sigilo e a falta de transparência; jornalistas arriscam a vida diuturnamente para informar a população e por isso são humilhados e agredidos publicamente; jornalistas e jornalismo sério são essenciais na Democracia.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Aniversário de Paulo Freire


 

Parabéns Euclides da Cunha!


Feliz aniversário meu Cumbe! neste dia 19 de setembro de 2022 a cidade está em festa.
Ter orgulho da sua terra é obrigação de cada cidadã e cidadão e para ter esse sentimento é necessário conhecer a fundo e respeitar a sua arte, sua cultura e sua história. Em momentos como este precisamos de eventos que evidenciem o que temos de nosso: sanfoneiros, artesãos, aboiadores, pífanos, atrizes e atores, cantores, poetas enfim, todos que fazem da nossa terra um lugar especial.
Nossa bandeira aglutina referências na nossa história e memória, além de ser linda com as cores exatas. O vermelho do sangue derramado no massacre vergonhoso do Brasil burguês latifundiário de mentalidade escravocrata contra pobres sertanejos sem terra reunidos em volta de um profeta. O verde da mata das preguiças, da exuberante caatinga de umburanas e paus de rato que foram transformadas em lenha pelas indústrias de exploração de calcário na região sem controle em prol do lucro. O amarelo dessa riqueza calcária que saiu daqui e pouco ou nada deixou de benefício além da devastação que transformou o verde em lenha. Já fomos potência da cotonicultura, já fomos potência do feijão...




Parabéns para nossa cidade pelo seu aniversário de 89 anos da segunda emancipação política administrativa. Pena não termos dado parabéns para meu Cumbe pelos seus 124 anos da primeira emancipação conquistada em 11 de junho de 1898. Quando aconteceu o massacre dos sertanejos de Conselheiro, tanto Cumbe quanto Canudos eram subordinados à Monte Santo, eram parte do território de Monte Santo. Depois da guerra de Canudos a nossa região foi desmembrada, a Vila do Cumbe tornou-se independente, política e administrativamente, de Monte Santo em 11 de junho de 1898. Mesmo com os desmantelos da ditadura Vargas, temos 124 anos de existência livre e independente.



Hino de Euclides da Cunha:

Euclides da Cunha torrão adorado
Tão decantado no mundo inteiro
Os Sertões veio nos trazer a glória
Da nossa história no sertão brasileiro


Por muito anos foi aqui adorado
O Bendegó - famoso meteorito
Nosso sertão um jardim em festa
Foi escolhido lá no infinito

Salve o rincão de filhos varonis
Heróis anônimos mortos de pé
Renasce ardente em nossos corações
Tua bravura de amor e fé

Letra: José Aras, Música: Antônio Moreira

Na primeira versão do hino a primeira estrofe era diferente:

Euclides da cunha teu nome é uma Glória
de nossa Terra Com Galhardia
Teu solo fértil, tua gente aguerrida
Triunfantes vibram em harmonia. 

Trecho extraído do Livro No Sertão do conselheiro, de José Aras (2003).

O texto do hino de Euclides da Cunha foi escrito por José Aras, por ocasião da 1ª Semana de Cultura em 1971. 
A letra inicialmente faz referência à obra Os Sertões do escritor carioca que escreveu a saga dos sertanejos na Guerra de Canudos e deu projeção nacional à nossa história. 
Em seguida, o autor refere-se ao Meteorito Bendegó, caído no sertão nas terras de Monte Santo das quais o Cumbe fazia parte. O famoso meteorito foi encontrado em 1784 e levado para o Museu Nacional do Rio de Janeiro em 1888 por ordem de D. Pedro II. 
Por fim, no refrão José Aras fala dos sertanejos de Canudos, que na época era distrito de Euclides da Cunha, permanecendo assim até 1985, que foram massacrados pela força republicana em 1897, resistindo até o fim sem rendição. 

O cantor euclidense, Chico de Oliveira, dá a voz ao hino nesta versão por ser ele mesmo o cantor oficial da nossa cidade.

Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição:


Foto: euclidesdacunha.com

Esta data festiva configura-se no momento propício para conhecermos a nossa história, o contexto político e social que envolve a primeira e a segunda emancipação do Cumbe. Oportunidade de notarmos como os destinos do povo e da história estão sempre nas mãos das classes dominantes... 

Conhecer para preservar a memória, mas também para questionar a história e escrever novo presente.






Sem explicar o migué




 

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

terça-feira, 6 de setembro de 2022

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Mote "Não venha de pé quebrado, pois o cordel tem rigor"

Mote:


Não venha de pé quebrado
Pois o cordel tem rigor

Glosas:
 
O mote exige a glosa
Pra registrar no papel
Tematizando o cordel
Essa arte fabulosa
Cultura maravilhosa
Que demonstra seu vigor
Quando o metrificador
Respeita o texto rimado
(Não venha de pé quebrado
Pois o Cordel tem rigor)

 
O Cordel tem estrutura
Rigidez e tradição
Pra nossa satisfação
Em arte se configura
Na viva Literatura
Para ter o seu valor
Na forma requer labor
Só verso metrificado
(Não venha de pé quebrado
Pois o Cordel tem rigor)

 
O Cordel é secular
E vem resistindo ao tempo
Não conhece contratempo
Não se deixa deformar
É preciso observar
Um importante fator
A Rima (digo ao senhor)
Observe com cuidado
(Não venha de pé quebrado
Pois o Cordel tem rigor)

 
O Cordel é artesania
Cultura viva do povo
Não cabe modelo novo
Mas do novo se apropria
Resiste com maestria
Na boca do cantador
No rádio e televisor
Na Internet tem entrado
(Não venha de pé quebrado
Pois o Cordel tem rigor)

 
O Cordel tem sua forma
A mais usada: sextilha
Sempre a maior: redondilha
Com obediência à norma
Favorece a quem performa
Menestrel declamador
No texto escrito ao leitor
Para ser interpretado
(Não venha de pé quebrado
Pois o Cordel tem rigor)

 
 O Cordel pra ser Cordel
Precisa ter oração
Coerência e coesão
Ao modelo ser fiel
Seja oral ou no papel
O engenho criador
Tem um facilitador
Com isso bem anotado:
(Não venha de pé quebrado
Pois o Cordel tem rigor)

 
Para o Cordel ser escrito
Basta seguir seu modelo
Não precisa atropelo
Tem padrão e gabarito
Pro texto sair bonito
Justo sem tirar nem pôr
Na boca do cantador
Poderá ser aclamado
(Não venha de pé quebrado
Pois o Cordel tem rigor)

 
O cordel pra ser aceito
Tem sua característica
Tem marcada estilística
Não aceita outo jeito
E seguindo esse preceito
Poeta versejador
Estudante ou professor
Estando bem informado
(Não venha de pé quebrado
Pois o Cordel tem rigor)

 
E para ser cordelista
É preciso produzir
E no cordel traduzir
O seu olhar de artista
Como sendo um retratista
Um artesão escultor
Com a poesia compor
Conforme seja o chamado
(Não venha de pé quebrado
Pois o Cordel tem rigor)

 
Inamar Coelho, 05/09/2022

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Pela beatificação do Padre Cicero Romão

 
Fonte da imagem: https://atarde.com.br/brasil/vaticano-autoriza-processo-de-beatificacao-de-padre-cicero-1203862

Pela beatificação do Padre Cicero Romão
 
A
Ainda que o tempo passe
No trem da evolução
O Nordeste não esquece
Romeiro faz multidão
Vindo do Brasil inteiro
Pra velar no Juazeiro
Padre Cícero Romão
 
B
Bendito seja esse chão
O nosso solo sagrado
Recebe com alegria
O sonho realizado
Pela grande devoção
Que sua beatificação
Tem processo autorizado
 
C
Católicos de todo lado
Esperavam esse dia
Essa decisão do Papa
Recebem com alegria
Com amor no coração
Só aumenta a comoção
E reforça a romaria
 
D
Deus é quem reconcilia
E dá toda santidade
O povo espera no céu
Na Santíssima Trindade
Nos santos do panteão
Que essa beatificação
Seja com celeridade
 
E
Espera na divindade
O povo do Juazeiro
E os milhões de fieis
Por este Brasil inteiro
Pra todos Ciço Romão
O anjo bom do sertão
Já é santo brasileiro
 
F
Foi um milagre primeiro
Não sendo reconhecido
Fim do século dezenove
Sendo por isso punido
O Bispo não aceitou
Julgou e o condenou
E assim foi preterido
 
G
Graças tem-se recebido
Quem se ampara na fé
Em Padim Ciço Romão
Em Jesus de Nazaré
Que o Espírito Santo
E Maria com seu manto
Ilumine a Santa Sé
 
H
Hoje o Crato tá de pé
O Cariri se alegra
O Padin Ciço Romão
À Igreja reintegra
Esperar em oração
Paciência e contrição
Na Lei de Deus é a regra
 
I
Intersecção não lhe nega
Pós toda preparação
Que desde dois mil e um
Constituiu Comissão
Sobre a vida do Padre
Para que ele se enquadre
Fez-se toda revisão
 
J
Juntou também petição
Ao completar cinco anos
Com quase trezentos bispos
Remetida ao vaticano
Pedindo deferimento
Para o reconhecimento
Desse santo ser humano
 
L
Lentamente oito anos
Até chegar um sinal
Só em dois mil e quatorze
A esperança afinal
Para beatificação
Com reconciliação
No caminho divinal
 
M
Mais oito anos final
Vem de Deus a promissão
Passando a Servo de Deus
O Padim Ciço Romão
O Brasil se mobiliza
A Santa Sé autoriza
Sua beatificação
 
N
Na sua santa missão
Quando em sonho revelada
De tomar conta dos pobres
Tanta gente flagelada
Lhe mostra em sonho Jesus
Sua messe e sua cruz
A direção foi mostrada
 
O
Ornava a sua estrada
Caridade e empatia
Pregando o evangelho
A santa Missão cumpria
Cuidando e orientando
Costumes moralizando
Conquistando simpatia
 
P
Padim Ciço assim servia
Aos desígnios de jesus
Mas ao mostrar um milagre
A Igreja não fez jus
Viu-se no nível rasteiro
Acusado de embusteiro
Sentiu o peso da cruz
 
Q
Quando tudo veio à luz
Nomearam comissão
Uma hóstia virar sangue
Só tinha uma conclusão
Que duvidar não cabia
Um milagre então seria
Por não ter explicação
 
R
Rejeitou a apuração
Dom Joaquim José Vieira
Para desmistificar
Passou por nova peneira
Após novo reajuste
Decidiu que foi embuste
Levantou uma barreira
 
S
Suspendeu dessa maneira
As ordens sacerdotais
Mas Padin Ciço Romão
Buscou as vias legais
Viajando para Roma
O seu direito retoma
Dados arranjos formais
 
T
Tendo afetos cordiais
Recebe absolvição
Mas voltando ao Juazeiro
Soube da revogação
Sugerindo pelo clero
Em mais um ato austero
A sua excomunhão
 
U
Uma viagem em vão
Mas que lhe rendeu louros
Uma ida ao vaticano
Teve efeito duradouro
Aumentou a devoção
Fé e admiração
No seu futuro vindouro
 
V
Viu chegar um tempo de ouro
Como santo milagreiro
Ao perder força política
Na sedição Juazeiro
Viu crescer a devoção
Arrebanhou multidão
Como santo brasileiro
 
X
Xeque mate é certeiro
Para por fim à partida
A Igreja corrigindo
Injustiça cometida
Tudo se resolvendo enfim
A pena sobre o Padim
Por fim então revertida
 
Z
Zela por graça obtida
Devoto de coração
O Grande Papa Francisco
Dando a beatificação
Honra o povo brasileiro
A esse Nordeste inteiro
E ao Padin Ciço Romão.
 
Inamar Coelho - 01/09/2022

Em meados do mês de agosto de 2022 a imprensa noticia que Igreja Católica deu início ao processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista. Esse texto é mais um exercício de escrita de Cordel sobre tema caro ao povo nordestino por ser o Padre cearense um ícone da religiosidade e por ser uma figura histórica cuja trajetória está inserida na história da construção da nação brasileira.

Cordelzinho do Zoordel



Cordelzinho do Zoordel


Um concurso de Cordel
Que merece louvação
Por estimular poetas
Ao labor da produção
Foi o primeiro Zoordel
Com ‘animais do sertão’
 
‘Animais do céu ao chão’
Na sua diversidade
Sobre a fauna sertaneja
Com responsabilidade
Estimulou o Cordel
Deu-lhe visibilidade
 
Com zelo e seriedade
Agremiou cordelistas
Na escrita sobre a fauna
Verdadeiros ativistas
Mostrou que a Bahia tem
Um celeiro de artistas
 
Diversos protagonistas
Podendo participar
Para exporem sua arte
Ou no cordel debutar
O Zoordel estimulando
A cultura popular
 
À guisa de ampliar
Tem a segunda edição
Sobre a ‘fauna ameaçada’
Que ‘pede preservação’
Neste segundo Zoordel
‘Animais em extinção’
 
Museu Casa do Sertão
Museu de Zoologia
Com UEFS Editora
Essa discussão amplia
Cada concurso Zoordel
Nossa cultura premia
 
A UEFS prefacia
E amplia abrangência
Ao promover o debate
Estimula a consciência
À pensar preservação
Como estado de emergência
 
E a arte por excelência
Vem cumprir esse papel
De informar educar
Pelos versos do cordel
Por tudo que vem fazendo
Só parabéns ao Zoordel.

 
01/09/2022

O concurso Zoordel é uma realização da Universidade Estadual de Feira de Santana, através da Rede de Museus (Remus/Uefs), por meio dos Museus de Zoologia, Casa do Sertão, o Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários e a Pró-Reitoria de Extensão, contando com o apoio institucional da UEFS Editora. Participei da 1ª edição em 2021 e fiquei no segundo lugar. 


Arara-azul-de-lear