Episódios no Cumbe
Neste Cumbe do Major
Tem histórias engraçadas
Contadas pelos mais velhos
Que devem ser registradas
Dos primórdios da cidade
Alguns causos de verdade
E outras bem aumentadas
Uma briga relatada
Lá pelos anos sessenta
Envolvia Mané Flecha
Que seu Orlando comenta
Mané muito afamado
Amansador de cavalo
Desaforo não aguenta
Rua Benjamin Constant
Não tinha nem calçamento
Era rua de cascalho
Conforme depoimento
Mané Flecha ali chegado
Vem todo paramentado
Sem nenhum afobamento
Cumprimenta os passantes
Da rua naquela hora
Amarrando o cavalo
Mané de gibão e espora
Logo vem um enxerido
Dizendo ser proibido
-Desamarre sem demora
Mané Flecha deu a testa:
-Amarrei tá amarrado,
Não sabia que o poste
o senhor tinha comprado
- Se tiver achando rúim,
pegue o gato e se azunhe,
vá latir do outro lado!
A briga assim começava
Com os dois se atracando
Mané flecha em desvantagem
E o povo se ajuntando
Se vê por baixo Mané
Verdadeiro cabaré
Lá vem Orlando gritando:
--Meta a espora Mané
no vazio desse sujeito!
Mané aprumou a espora
E ferrou daquele jeito
O grito foi abafado
Pelo peido que foi dado
Foi um tiro de respeito
O cabra pulou pra traz
Quas’em pé não se sustenta
Amarelo e assustado
Da esporada violenta
Saiu gemendo de dor:
--De espora meu senhor,
assim nem o cão aguenta!
Mané Flecha levantou-se
E sacudiu a poeira
O povo na mangação
(Era coisa corriqueira)
Mas tudo ficou em paz
Nenhum dos dois foi capaz
De perder a estribeira
Outro caso acontecido
Foi na rua principal
Avenida Rui Barbosa
No açougue Municipal
Bilau vendia pimenta
É Ademar que comenta
O episódio banal
Acontecido no Cumbe
Quando Zuza Discursava
O candidato a prefeito
Ao pleito se arvorava
Bilau era oposição
Não concordando, então
A providência tomava
O José Bezerra Neto
Por Zuza se apresenta
Recebeu no meio do peito
Um pacote de pimenta
Bilau jogou e fugiu
E Zuza quase caiu
(O causo que se comenta)
O pacote de pimenta
Se tornou uma grande afronta
Foi aquele rebuliço
Quem presenciou que conta
'Demar da Telebahia
Que lembra daquele dia
Que a memória remonta
Zuza ainda assustado
Gritou pela segurança
Zé Gadelha e Pernambuco
Dois homens de confiança
Correram atrás de Bilau
A reação natural
Que se tornou em lambança
Na rua sem calçamento
Era aquela cascalheira
Bilau pegava distância
com os guardas na trazeira
A situação jocosa
Na Avenida Rui Barbosa
Em pleno dia de feira
Bilau nem bala pegava
Em embalada carreira
Quando caiu o chapéu
Freou de fazer poeira
Virando de supetão
Pegando o chapéu no chão
Que se deu a bagaceira
Os guardas também frearam
Com o freio de Bilau
Recuaram de um pulo
A mangação foi geral
Perderam na embalagem
O vigor e a coragem
Foi debandada geral
Cada um foi pra um lado
Bilau seguiu seu caminho
Zuza ficou sem revanche
lá reclamando sozinho
Seu discurso eleitoral
Da pimenta de Bilau
Só ficou o burburinho
São causos acontecidos
No Cumbe nossa cidade
Com figuras conhecidas
Que ficaram na saudade
Q'alimentam a memória
É lembrança, é história
Com humor, comicidade.
Vou ficando por aqui
Registando esse ocorrido
De causos interessantes
Depoimento colhido
De Orlando e Ademar
Que tão vivos pra contar
Pois eu não era nascido
O senhor Orlando Moura
(Relojoaria Central)
Há quase sessenta anos
Ali naquele local
Ademar (Telebahia)
Homem da fotografia
Têm muita história legal.
(Inamar Coelho, 18/10/2020)
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