domingo, 4 de outubro de 2020

Canudos, um massacre!

 


Igreja destruída - Fotografia de Flávio de Barros 1897


Canudos. um massacre!
 
Caro leitor estudante
Que tem sede de saber
A história foi escrita
Você só precisa ler
Na vasta literatura
Tem ação e aventura
E muito a conhecer
 
O Brasil registra um evento
Ocorrido no Sertão
Quando Antônio Conselheiro
Incomodou a nação
Com seu sonho de igualdade
Ao fundar comunidade
Com trabalho e união
 
Na trajetória de Antônio
Miséria e exploração
Na seca o sertão fervia
No tempo da escravidão
A imprensa noticia
Que na região havia
Um peregrino em ação
 
Passou mais de vinte anos
Vagando pelo sertão
Sua presença é marcada
Em diversa construção
Falando ao povo explorado
Tinha na mão um cajado
E na mente uma missão
 
Foi construtor de igrejas
E muros de cemitérios
Levando a palavra de Deus
Falando dos seus mistérios
Foi verdadeiro profeta
Novo sertão arquiteta
O seu santo ministério
 
Levou esperança aos negros
Aquilombados nas serras
Plantou sonho de igualdade
A quem cativo da terra
Foi evangelizador
Um beato pregador
Aquele abandono encerra
 
E num incômodo geral
A elite indignada
Buscou logo providências
Quando a república instaurada
Exige que venha a guerra
Aos condenados da terra
A querela iniciada
 
Encontraram estopim
Numa ação do Conselheiro
Contra a cobrança de impostos
Do governo brasileiro
Incentivando a revolta
Começou reviravolta
Foi eleito desordeiro
 
Saiu dali com sua gente
Para outra freguesia
Enquanto as autoridades
Achando que o deteria
Organizou a volante
Daquele dia em diante
O seu futuro previa
 
Perseguido no sertão
Elite contra a ralé
Foi Antônio Conselheiro
Emboscado em Maceté
Pela polícia baiana
No terreiro do Viana
O correu o finca-pé
 
O evento registrado
Em vasta literatura
Nos Sertões e outros tantos
Como informação segura
Um embate ocorrido
Causou tremendo ruído
Por não haver captura
 
Esse embate aconteceu
Nos idos dos oitocentos
De noventa e três a ano
Conforme os assentamentos
Dali saiu pra Canudos
Com sua gente com tudo
Pra montar acampamento
 
Aquele grupo sem terra
Ocupou velha fazenda
Abandonada Canudos
Lá se daria a contenda
Fundando seu Belo Monte
Trouxe novo horizonte
Uma cidade estupenda
 
Canudos foi o lugar
Onde o massacre ocorreu
Começando em Maceté
O povo lhe defendeu
E juntos fundaram a cidade
Verdadeira irmandade
Onde a vida floresceu
 
Ficou famosa e atrativa
Veio gente pra morar
De alto e baixo sertão
Belo Monte era o lugar
De riqueza e de fartura
Justificada procura
Podia o pobre migrar
 
Aquela cidade ativa
Incomodou fazendeiros
Que perdiam mão de obra
Para o grande Conselheiro
Sem gente pra explorar
Resolveram reclamar
Ao governo brasileiro
 
Aquela cidade agitada
Incomodou a igreja
Ao perder muitos fieis
E se vendo na peleja
De disputar o espaço
E ao sair no fracasso
O revide então planeja
 
Muitos padres concordavam
Antônio era uma afronta
Aos domínios da Igreja
Com prejuízo de monta
Quando o povo o seguia
A paróquia então teria
Que ao clero prestar conta
 
O beato era letrado
E de escrita perfeita
Leitor naquele sertão
A elite não aceita
Era visto perigoso
Um incômodo ruidoso
A burguesia rejeita
 
Criaram situações
Uma imagem invertida
Pela imprensa oficial
Essa elite então revida
Em mentiras “Fake News”
Faz convencer o Brasil
Que a guerra é a saída
 
O Governo mobilizou
As suas forças armadas
Contra o povo sertanejo
Na história registrada
Depois de quatro investidas
Numa guerra fratricida
Canudos foi arrasada
 
As elites da nação
Exerceram seus papeis
Os grandes donos de terra,
Padres, ricos coronéis
Com apoio dos jornais
(“Fake News” e tudo mais)
Mobilizaram quarteis
 
O povo lutou com faca
Foice, enxada e facão
Contra bala de fuzil
Lutando irmão contra irmão
Quem sobrou foi degolado
O massacre consumado
O sangue regou o chão
 
E assim a guerra se deu
A esperança punida
Com mão de ferro a Ordem
A utopia é vencida
Negros, mulheres e índios
Verdadeiro genocídio
Canudos foi destruída.
 
Dia cinco de outubro
Chega ao fim no sertão
O massacre de Canudos
Com degola de cristãos
Que lutando pela terra
Sentiu o fogo da guerra
De irmãos contra irmãos
  
No massacre dos fieis
Que compõe a feia tela
O Exército brasileiro
Destruiu a cidadela
Assim morria um sonho
No fratricídio medonho
O Belo Monte esfacela
 
Alimentando a procela
Foram quatro expedições
Que mobilizaram tropas
De todas as regiões
“Refluxo para o passado”
Foi um crime praticado
Que denuncia Os Sertões
 
E hoje o Brasil continua
Negando ao povo a terra
Prioriza o latifúndio
Reforma agrária emperra
Manutenção da miséria
A fome é prima matéria
Pra violência e pra guerra
 
E nessa história que é nossa
Precisamos refletir
Sendo o livro da escola
Preparação pro devir
É papel da Educação
Abordar essa questão
Pro erro não repetir
 
Sobre as lutas e massacres
Convido-os a estudar
Como o povo brasileiro
Sempre teve que lutar
Canudos tá n’Os Sertões
E entre heróis e vilões
Muita história pra contar.
 
(Inamar Coelho, 05/10/2020)


Canudos caiu em 05 de outubro de 1897.

“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.

(CUNHA, Euclides. os Sertões. São Paulo: Martin Claret, 2003, p.532)

P.s. O presente texto foi escrito com excertos de textos que escrevi entre julho e hoje.




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