quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Dia do livro


Outro dia vi pessoas queimarem livros de Paulo Coelho sob o argumentos esdrúxulos ligados à recente política econômica do país; No incio do ano tivemos a notícia estarrecedora de sobretaxação de livros e discursos contraditórios sobre livros e leitores. Notadamente há no Brasil mais bares do que bibliotecas... a questão é: em que nível está nossa evolução?

 

Queima das máscaras

Escrito depois de ver um vídeo na internet no qual pessoas queimavam máscaras numa fogueira enquanto bradavam histericamente sua insatisfação com as recomendações da OMS sobre a Pandemia. 


 

Papo espinhento


 

O Açougue Municpal

O Açougue Municipal funcionou até o ano de 2009 quando a feira livre foi transferida do centro da cidade para o Centro de Abastecimento.

O ano da distopia


 

domingo, 18 de outubro de 2020

Episódios no Cumbe


 
Episódios no Cumbe


Neste Cumbe do Major
Tem histórias engraçadas
Contadas pelos mais velhos
Que devem ser registradas
Dos primórdios da cidade
Alguns causos de verdade
E outras bem aumentadas
 
Uma briga relatada
Lá pelos anos sessenta
Envolvia Mané Flecha
Que seu Orlando comenta
Mané muito afamado
Amansador de cavalo
Desaforo não aguenta
 
Rua Benjamin Constant
Não tinha nem calçamento
Era rua de cascalho
Conforme depoimento
Mané Flecha ali chegado
Vem todo paramentado
Sem nenhum afobamento
 
Cumprimenta os passantes
Da rua naquela hora
Amarrando o cavalo
Mané de gibão e espora
Logo vem um enxerido
Dizendo ser proibido
-Desamarre sem demora
 
Mané Flecha deu a testa:
-Amarrei tá amarrado,
Não sabia que o poste
o senhor tinha comprado
- Se tiver achando rúim,
pegue o gato e se azunhe,
vá latir do outro lado!
 
A briga assim começava
Com os dois se atracando
Mané flecha em desvantagem
E o povo se ajuntando
Se vê por baixo Mané
Verdadeiro cabaré
Lá vem Orlando gritando:
 
--Meta a espora Mané
no vazio desse sujeito!
Mané aprumou a espora
E ferrou daquele jeito
O grito foi abafado
Pelo peido que foi dado
Foi um tiro de respeito
 
O cabra pulou pra traz
Quas’em pé não se sustenta
Amarelo e assustado
Da esporada violenta
Saiu gemendo de dor:
--De espora meu senhor,
assim nem o cão aguenta!
 
Mané Flecha levantou-se
E sacudiu a poeira
O povo na mangação
(Era coisa corriqueira)
Mas tudo ficou em paz
Nenhum dos dois foi capaz
De perder a estribeira
 
Outro caso acontecido
Foi na rua principal
Avenida Rui Barbosa
No açougue Municipal
Bilau vendia pimenta
É Ademar que comenta
O episódio banal
 
Acontecido no Cumbe
Quando Zuza Discursava
O candidato a prefeito
Ao pleito se arvorava
Bilau era oposição
Não concordando, então
A providência tomava
 
O José Bezerra Neto
Por Zuza se apresenta
Recebeu no meio do peito
Um pacote de pimenta
Bilau jogou e fugiu
E Zuza quase caiu
(O causo que se comenta)
 
O pacote de pimenta
Se tornou uma grande afronta
Foi aquele rebuliço
Quem presenciou que conta
'Demar da Telebahia
Que lembra daquele dia
Que a memória remonta
 
Zuza ainda assustado
Gritou pela segurança
Zé Gadelha e Pernambuco
Dois homens de confiança
Correram atrás de Bilau
A reação natural
Que se tornou em lambança
 
Na rua sem calçamento
Era aquela cascalheira
Bilau pegava distância
com os guardas na trazeira
A situação jocosa
Na Avenida Rui Barbosa
Em pleno dia de feira
 
Bilau nem bala pegava
Em embalada carreira
Quando caiu o chapéu
Freou de fazer poeira
Virando de supetão
Pegando o chapéu no chão
Que se deu a bagaceira
 
Os guardas também frearam
Com o freio de Bilau
Recuaram de um pulo
A mangação foi geral
Perderam na embalagem
O vigor e a coragem
Foi debandada geral
 
Cada um foi pra um lado
Bilau seguiu seu caminho
Zuza ficou sem revanche
lá reclamando sozinho
Seu discurso eleitoral
Da pimenta de Bilau
Só ficou o burburinho
 
São causos acontecidos
No Cumbe nossa cidade
Com figuras conhecidas
Que ficaram na saudade
Q'alimentam a memória
É lembrança, é história
Com humor, comicidade.
 
Vou ficando por aqui
Registando esse ocorrido
De causos interessantes
Depoimento colhido
De Orlando e Ademar
Que tão vivos pra contar
Pois eu não era nascido

O senhor Orlando Moura
(Relojoaria Central)
Há quase sessenta anos
Ali naquele local
Ademar (Telebahia)
Homem da fotografia
Têm muita história legal.

 
(Inamar Coelho, 18/10/2020)

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

domingo, 11 de outubro de 2020

Pelo dia da criança




 

Homenagem aos professores

 


Homenagem aos professores
 
Nestes versos dedico homenagem
Àqueles que se fazem Professores
Entre leigos, letrados ou doutores
Que encaram seu trabalho com coragem
O respeito emoldura esta mensagem
Foi no grande Paulo Freire, Inspirado
Que o mundo o tem homenageado
Com Anísio Teixeira se irmane 
Para que hoje o professor se ufane 
Do legado desse mestre consagrado
 
Que as histórias de lutas do passado
Por uma Educação de qualidade
Seja a meta, e não perca a validade
Por fazer desse ofício tão sagrado
No seu dia é preciso ser lembrado
O valor de tão linda profissão
Professor dá a vida a Educação
E educar tantos mestres e doutores
Só se faz possível com professores
Peça chave do motor dessa nação
 
Professor em constante formação
Passa todo tempo livre a pesquisar
Muitas vezes nem vê o tempo passar
Conduzindo tanta vida em sua mão
Quase sempre lhe aperta o coração
Quando vê que seu aluno não aprende
Sempre nova tentativa empreende
Pois conhece a responsabilidade
Professor é linda sua verdade
Desrespeita o Brasil quem lhe ofende
 
Ser professor sendo algo que transcende
O status que confere a profissão
É questão de alma e de coração
Só quem é professor é que entende
Neste texto é claro que se pretende
Ressaltar seu importante valor
Seu trabalho é o de humanizador
Do espaço do campo e da cidade
Na formação da nossa sociedade
O respeito é devido ao professor
 
Desempenha seu trabalho com amor
Sua lida exige afetividade
Ensinar requer sensibilidade
Empatia, paciência, e vigor
Quem seguiu pela mão do professor 
Desenvolve por eles a noção
Um imenso Respeito e admiração
O coloca num lugar de importância
Qualquer um desde a primeira infância
Indo até a sua pós-graduação
 
Entristece ver que na nossa nação
Diferente de qualquer lugar do mundo
Prolifera um preconceito profundo
Que exige total desconstrução
É preciso desenvolver a noção
Sobre o grande papel do professor
Responsável por fazer mestre e doutor
Não devia ser tão desconsiderado
Professor deve ser homenageado
Todo dia aplaudido com louvor
 
E ainda surge um complicador
Nova ordem na terrível Pandemia
Novidade ao professor se anuncia
Tem agora triplicado seu labor
Entre todos tem o dificultador
Ensinar pela rede social
Aprender a lidar com o virtual
Fazer vídeo gravação e ser artista
Se virar numa vida futurista
Sobrecarga sem receita ou manual
 
Na labuta o esforço é real
Garantir o ensino aprendizagem
Encontrar incentivo e coragem
Mesmo sendo no modo digital
Na vida do docente é natural
Se virar quando surge a demanda
O direito do aluno é quem comanda
E o papel de Herói é do docente
Que às vezes nem pode ficar doente
Que já nota de alguns o olhar de banda
 
E ainda tem a triste propaganda
Que se fez pela boca de ministros
Exibindo-se em papeis muito sinistros
Externando tolas visões nefandas
Insanidade embala essa ciranda
Na balbúrdia da nossa pátria amada
Que mantém educação sucateada
Professor é tratado com desdém
Por tudo isso neste dia nos convém
Proclamar homenagem adequada
 
E com toda empatia externada
Ao dizer obrigado ao professor
Com respeito, declarando o amor
Por essa profissão linda e sagrada
Sabendo que é longa sua estrada
Na luta contra o obscurantismo
Contra todo preconceito e racismo
Sendo o grande herói dessa nação
Sem você não existe educação
Seja sempre o amor seu ativismo.
 
Neste texto escrito sem eufemismo
Não se busca querer romantizar
Mas apenas intenta ressaltar
A total vocação ao heroísmo
De fazer seu trabalho com otimismo
Mesmo sendo uma lida exaustiva
O futuro é o sonho que cultiva
Levando conhecimento com amor
Entre tudo escolheu ser Professor
À você endereço essa missiva. 
 
(Inamar Coelho, 09/10/2020)


segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Dia cinco de outubro, um dia pra ser lembrado






Há 123 anos no dia 05 de outubro de 1897 o governo brasileiro exterminava o Belo Monte de Antonio Conselheiro massacrando com canhões e metralhadoras milhares de sertanejos pobre e miseráveis no sertão da Bahia. 





 

domingo, 4 de outubro de 2020

Canudos, um massacre!

 


Igreja destruída - Fotografia de Flávio de Barros 1897


Canudos. um massacre!
 
Caro leitor estudante
Que tem sede de saber
A história foi escrita
Você só precisa ler
Na vasta literatura
Tem ação e aventura
E muito a conhecer
 
O Brasil registra um evento
Ocorrido no Sertão
Quando Antônio Conselheiro
Incomodou a nação
Com seu sonho de igualdade
Ao fundar comunidade
Com trabalho e união
 
Na trajetória de Antônio
Miséria e exploração
Na seca o sertão fervia
No tempo da escravidão
A imprensa noticia
Que na região havia
Um peregrino em ação
 
Passou mais de vinte anos
Vagando pelo sertão
Sua presença é marcada
Em diversa construção
Falando ao povo explorado
Tinha na mão um cajado
E na mente uma missão
 
Foi construtor de igrejas
E muros de cemitérios
Levando a palavra de Deus
Falando dos seus mistérios
Foi verdadeiro profeta
Novo sertão arquiteta
O seu santo ministério
 
Levou esperança aos negros
Aquilombados nas serras
Plantou sonho de igualdade
A quem cativo da terra
Foi evangelizador
Um beato pregador
Aquele abandono encerra
 
E num incômodo geral
A elite indignada
Buscou logo providências
Quando a república instaurada
Exige que venha a guerra
Aos condenados da terra
A querela iniciada
 
Encontraram estopim
Numa ação do Conselheiro
Contra a cobrança de impostos
Do governo brasileiro
Incentivando a revolta
Começou reviravolta
Foi eleito desordeiro
 
Saiu dali com sua gente
Para outra freguesia
Enquanto as autoridades
Achando que o deteria
Organizou a volante
Daquele dia em diante
O seu futuro previa
 
Perseguido no sertão
Elite contra a ralé
Foi Antônio Conselheiro
Emboscado em Maceté
Pela polícia baiana
No terreiro do Viana
O correu o finca-pé
 
O evento registrado
Em vasta literatura
Nos Sertões e outros tantos
Como informação segura
Um embate ocorrido
Causou tremendo ruído
Por não haver captura
 
Esse embate aconteceu
Nos idos dos oitocentos
De noventa e três a ano
Conforme os assentamentos
Dali saiu pra Canudos
Com sua gente com tudo
Pra montar acampamento
 
Aquele grupo sem terra
Ocupou velha fazenda
Abandonada Canudos
Lá se daria a contenda
Fundando seu Belo Monte
Trouxe novo horizonte
Uma cidade estupenda
 
Canudos foi o lugar
Onde o massacre ocorreu
Começando em Maceté
O povo lhe defendeu
E juntos fundaram a cidade
Verdadeira irmandade
Onde a vida floresceu
 
Ficou famosa e atrativa
Veio gente pra morar
De alto e baixo sertão
Belo Monte era o lugar
De riqueza e de fartura
Justificada procura
Podia o pobre migrar
 
Aquela cidade ativa
Incomodou fazendeiros
Que perdiam mão de obra
Para o grande Conselheiro
Sem gente pra explorar
Resolveram reclamar
Ao governo brasileiro
 
Aquela cidade agitada
Incomodou a igreja
Ao perder muitos fieis
E se vendo na peleja
De disputar o espaço
E ao sair no fracasso
O revide então planeja
 
Muitos padres concordavam
Antônio era uma afronta
Aos domínios da Igreja
Com prejuízo de monta
Quando o povo o seguia
A paróquia então teria
Que ao clero prestar conta
 
O beato era letrado
E de escrita perfeita
Leitor naquele sertão
A elite não aceita
Era visto perigoso
Um incômodo ruidoso
A burguesia rejeita
 
Criaram situações
Uma imagem invertida
Pela imprensa oficial
Essa elite então revida
Em mentiras “Fake News”
Faz convencer o Brasil
Que a guerra é a saída
 
O Governo mobilizou
As suas forças armadas
Contra o povo sertanejo
Na história registrada
Depois de quatro investidas
Numa guerra fratricida
Canudos foi arrasada
 
As elites da nação
Exerceram seus papeis
Os grandes donos de terra,
Padres, ricos coronéis
Com apoio dos jornais
(“Fake News” e tudo mais)
Mobilizaram quarteis
 
O povo lutou com faca
Foice, enxada e facão
Contra bala de fuzil
Lutando irmão contra irmão
Quem sobrou foi degolado
O massacre consumado
O sangue regou o chão
 
E assim a guerra se deu
A esperança punida
Com mão de ferro a Ordem
A utopia é vencida
Negros, mulheres e índios
Verdadeiro genocídio
Canudos foi destruída.
 
Dia cinco de outubro
Chega ao fim no sertão
O massacre de Canudos
Com degola de cristãos
Que lutando pela terra
Sentiu o fogo da guerra
De irmãos contra irmãos
  
No massacre dos fieis
Que compõe a feia tela
O Exército brasileiro
Destruiu a cidadela
Assim morria um sonho
No fratricídio medonho
O Belo Monte esfacela
 
Alimentando a procela
Foram quatro expedições
Que mobilizaram tropas
De todas as regiões
“Refluxo para o passado”
Foi um crime praticado
Que denuncia Os Sertões
 
E hoje o Brasil continua
Negando ao povo a terra
Prioriza o latifúndio
Reforma agrária emperra
Manutenção da miséria
A fome é prima matéria
Pra violência e pra guerra
 
E nessa história que é nossa
Precisamos refletir
Sendo o livro da escola
Preparação pro devir
É papel da Educação
Abordar essa questão
Pro erro não repetir
 
Sobre as lutas e massacres
Convido-os a estudar
Como o povo brasileiro
Sempre teve que lutar
Canudos tá n’Os Sertões
E entre heróis e vilões
Muita história pra contar.
 
(Inamar Coelho, 05/10/2020)


Canudos caiu em 05 de outubro de 1897.

“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.

(CUNHA, Euclides. os Sertões. São Paulo: Martin Claret, 2003, p.532)

P.s. O presente texto foi escrito com excertos de textos que escrevi entre julho e hoje.




O fim do massacre em 05 de outubro

“A degola. Chegando à primeira canhada encoberta, realizava-se uma cena vulgar. Os soldados impunham invariavelmente à vítima um viva à República, que era poucas vezes satisfeito. Era o prólogo invariável de uma cena cruel. Agarravam-na pelos cabelos, dobrando-lhe a cabeça, esgargalando-lhe o pescoço; e, francamente exposta a garganta, degolavam-na. Não raro a sofreguidão do assassino repulsava esses preparativos lúgubres. O processo era, então, mais expedito: varavam-na, prestes, a facão. Um golpe único, entrando pelo baixo ventre. Um destripamento rápido. . .

Tínhamos valentes que ansiavam por essas cobardias repugnantes, tácita e explicitamente sancionadas pelos chefes militares. Apesar de três séculos de atraso, os sertanejos não lhes levavam a palma no estadear idênticas barbaridades.” (p.493)

[...]

“A degolação era, por isto, infinitamente mais prática, dizia-se nuamente. Aquilo não era uma campanha, era uma charqueada. Não era a ação severa das leis, era a vingança. Dente por dente.” (p. 498)

(CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Martin Claret, 2003, p. 493 e p. 498)


 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Lembrando Flore do Pífano

Em memória ao Sr Flore, um cidadão que muito contribuiu com sua banda de pífanos no Cumbe e que trago na memória da infância.