domingo, 12 de abril de 2015

Lieratura Brasileira filha da Portuguesa

Texto solicitado pela colega Elisandra para um projeto com sua turma de ensino médio.

Meu amigo estudante
Peço vossa atenção
Pra falar de uma arte
Que toca no coração
Chamada literatura
Mãe e filha da cultura
Ou irmã de relação.

Pra início de conversa
Saibamos da referência,
Que a litera portuguesa:
Influência por excelência
No inicio do Brasil
A portuguesa serviu
À nova experiência.

Os primeiros escritores
Quase sempre portugueses,
Quando nascidos aqui
De lá eram fregueses,
Estudavam em Portugal
Escreviam coisa e tal
Ao modo dos portugueses.

Mas vamos pra Portugal,
No século 12 o início;
Com a expulsão dos árabes
Na península um reboliço,
Surgem os primeiros escritos
Ainda um tanto restritos.
Assim se deu o início.

O galego-português
Era a língua no momento,
Por Portugal e Espanha
Viver em entrosamento.
A poesia era o forte
Trova, rima e toda sorte
Tudo oral naquele tempo.

Os poemas eram cantados,
Não predominava a escrita;
Instrumentos musicais
Tornava a cena bonita.
Os cancioneiros marcaram
As cantigas que passaram
Da oral para a escrita.

As cantigas de amigo
Vem da arábica cultura:
É o lamento d’uma moça
Com saudade e mágoa pura,
Com saudade do amor
Que foi pra guerra e a deixou
Numa ingrata amargura.

Na cantiga de amor
A voz é do namorado
Que pergunta à sua amada
Por que seu amor é negado.
Tem cantiga de maldizer
De escárnio, e digo a você
É algo a ser estudado.

Agora vou dar um salto
Até o renascimento:
Século 15 e 16
É um novo nascimento;
A poesia toma forma;
Sai o músico entra a norma.
É um acontecimento.

O mundo medieval
Dá lugar ao moderno;
A prosa e o teatro
Com a poesia formam terno:
Surgem as crônicas históricas
Com a eloqüência retórica
Revelam o mundo moderno.

Então surge Gil Vicente
Com seu autos teatrais;
Moralizando e reformando
Em sacadas geniais:
Criticou a falsa gente
O rei, o padre e o ente
O banqueiro e tudo mais.

Os autos de Gil Vicente
Influenciaram aqui;
Suassuna que o diga
Tá vivo pra não mentir
No auto da compadecida
Influência reconhecida
Para ler ou assistir.

Mas não é apenas isso
Nessa época efervescente:
O Classicismo foi o nome
Ou Quinhentismo; influente
Da arte Greco-latina,
Tudo ali se descortina,
Definiu a arte seqüente.

Período das navegações
Também de grandes conquistas;
Surge a divina comédia
Boccaccio e outros artistas;
Os sonetos de Camões
E muitas transformações
Foi a era Classicista.

Portugal entrou pra história
Pelos seus descobrimentos
Por ser a base da Igreja
Com a reforma e seus intentos.
Surge Camões com seu épico:
Os lusíadas, feito inédito
No período dos quinhentos.

Foi a obra literária
Que elevou Portugal;
Afirmou a nacionalidade
Uniu mito com o real;
Divulgou suas proezas
E a língua portuguesa;
Camões foi genial.

Lusíadas é uma epopéia,
Ao padrão de Homero
E ao padrão de Virgílio,
Trabalho rico e sério.
Cantou o povo português
E tudo de uma só vez:
História, mito e mistério.

Divido em 10 cantos
Traz a mitologia,
Junto com a história,
Arte, fé e alegoria;
Afirmou a fé cristã,
Firme num puro afã
Com engenho e maestria.

Precisou que a igreja
Desse a ele permissão
Para publicar o épico:
Era a santa inquisição.
Camões um dia morreu,
Mas ninguém esqueceu:
Hoje é nossa inspiração.

De tudo isso nasceu
A litera brasileira,
No molde foi forjada,
Na litera primeira.
Desde mil’e quinhentos,
Depois do descobrimento
Nossa arte é verdadeira.

Mesmo que influenciada
Pelos costumes de lá,
A nossa literatura
Conseguiu se afirmar:
Tomou a cor local,
Retratou nosso real:
negro, índio, terra e mar.

Assim, caro estudante
Isso que eu digo agora
É só para instigar;
Que pesquise sem demora
Sobre o povo português,
É a hora é a vez
De saber a nossa história.

Inamar Coelho - 2009

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