terça-feira, 28 de setembro de 2021

sábado, 25 de setembro de 2021

Animais do meu sertão (2º lugar no Concurso Zoordel 2021)

 


Animais do meu sertão
 
Meu caro leitor amigo
Com muita satisfação
Sou um simples sertanejo
Pedindo vossa atenção
Com respeitos cordiais
Pra falar dos animais
Importantes do sertão
 
Tomado de emoção
Escrevendo este cordel
Lembrando de como o homem
Pode ser frio e cruel
Com a vida e a beleza
Que nos brinda a natureza
Sobre a terra e sob o céu
 
Pra compor o painel
Dos bichos mais importantes
Dentre tantos tem o Bode
Esse animal fascinante
Do qual tudo se aproveita
Do qual não resta suspeita
Nosso sustento garante
 
Animal apaixonante
Que merece louvação
Danado come de tudo
De fácil adaptação
Que só vive de magote
A nossa grande mascote
É o Bode do sertão
 
Tem total aplicação
De tudo o quanto ele tem
Desde a carne até o couro
O sertão conhece bem
Carne magra especial
Seu churrasco sem igual
A buchada é nosso bem
 
Leite da Cabra também
Para criança indicado
Nunca dá intolerância
É testado e aprovado
O queijo é iguaria
Com a baixa caloria
É muito requisitado
 
É pena que o coitado
Para nos presentear
Tenha um destino cruel
Um corte na jugular
Uma paulada mortal
Sangrado por um punhal
Com o sangue a esguichar
 
Outro bicho exemplar
É nosso amigo Jumento
Por tão grande importância
Merecia um monumento
Tem registro na escritura
‘Bençoada criatura
Do sagrado Nascimento
 
Não merece o tratamento
Que lhe impõe inferior
Nem toda carga excessiva
Na posição de motor
Movimentando o sertão
O Jumento é nosso irmão
Inegável seu valor
 
Parceiro do agricultor
De inverno a verão
De Gonzaga a Genival
O Jegue é atração
Cantado em verso e prosa
É mote pra muita glosa
Cordel, repente e canção
 
Com muita convicção
Não posso ser desleal
Se não falar da Galinha
Ou do Galo matinal
Maior fonte de alimento
É quem garante o sustento
No nosso sertão rural
 
Outro grande animal
O Saruê do sertão
Que se alimenta de cobras
Insetos na refeição
É imune ao veneno
Este animal pequeno
Não merece coerção
 
O saruê tem função
No bioma sertanejo
Mas por conviver tão perto
Sua extinção prevejo
Desconhecem seu valor
Ignorância é fator
Do instinto malfazejo
 
E outros bichos elejo
Para um grande panteão
Formado por animais
Que temos nesse sertão
Que nos enche de alegria
Mas algo nos contraria
Ter alguns em extinção
 
Olhando do céu ao chão
Arara Azul de Lear
Esteve perto do fim
Hoje vive a voar
Enfeitando o firmamento
Planando ao sabor do vento
Sequestrando nosso olhar
 
Ararinha singular
Sempre voa em casal
Mas se perde o companheiro
Da união conjugal
Vai viver na solidão
Arara Azul vive então
Sem par matrimonial
 
Toda ação é crucial
Para conscientização
Para salvar ararinha
É preciso educação
Hoje o homem sertanejo
Conhece todo manejo
Pra sua preservação
 
Outra ave do sertão
Para ser mencionada
Na mira dos caçadores
A Nambu é afamada
Sua carne saborosa
Torna a vida perigosa
Na sina de ser caçada
 
Outra ave bem cotada
Nos pratos desse sertão
Tem a famosa Codorna
Grande apreciação
A sua carne macia
Verdadeira iguaria
Presente da criação
 
Cada nova geração
Cada tempo que avança
Alguns bichos ficam raros
São imagens na lembrança
Nas memórias do passado
Que cada avô tem contado
Nas histórias pra criança
 
Com aquela fala mansa
Pra molecada ao redor
Fala da Onça Pintada
Ou do Macaco Guigó
Chocalho de Cascavel
O avô exibe o troféu
Pela coragem maior
 
Sabendo tudo de cór
Se diz bom atirador
Com cachorro perdigueiro
Nas histórias o vovô
Não deixou Preá, Tatu
Gato do Mato ou Teiú
Nem Raposa o caçador
 
Os relatos tem valor
Fazendo o jovem pensar
Mas respeito aos animais
É algo a se ensinar
Sobre a biodiversidade
O lar da humanidade
Conhecer e preservar
 
Para nos acalentar
Os cordéis de animais
Traz astúcia nos seus versos
Heroísmo e muito mais
Com grandes ensinamentos
O cordel é instrumento
Dos valores ancestrais
 
Objetos culturais
Da viva literatura
Os cordéis nossa riqueza
De elevada cultura
Educador do sertão
Em arte de artesão
O cordel se configura
 
Findando essa leitura
Agradeço a atenção
Por chegar até aqui
Cidadã e cidadão
Perdão se falei demais
Ao tratar dos animais
Do sertão, do céu ao chão.

(Inamar Coelho 13.07.2021)

25/09/2021

Recebi hoje o resultado do Concurso Zoordel promovido pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS através da Rede de Museus conforme o EDITAL REMUS Nº 01, de 07 de julho de 2021. O resultado foi anunciado na live de Cerimônia de divulgação dos vencedores do referido concurso, no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=dwSWhknP3DM.

 

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Primavera que avança

 




Luiza já disse que não tem interesse, que não quer entrar na política, mas vai que muda de ideia...


E o o índio nessa história?


 Os primeiros habitantes dessas terras foram os índios Caimbés. Os nativos foram tutelados pelos jesuítas que em missão de catequese construíram a igreja e a vila de Massacará, e por lá estiveram entre 1614 até 1859 quando foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal. (Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, 1958, p.222)

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Emancipação do Cumbe

 


Cumbe pertencia a monte Santo até 1898, quando foi desmembrado por Lei provincial e ficou como como vila independente até 1931 quando é reincorporado a Monte Santo por Decreto estadual. Em 19 de setembro de 1933 Cumbe tem restaurada a condição de município e tem o seu primeiro prefeito, Joaquim Santana Lima, eleito em 15 de janeiro de 1936. Em 1938 o município recebe o nome de Euclides da Cunha proposto por José Aras. A data oficial em que se comemora a emancipação do município é 19 de setembro de 1933, que neste ano de 2021 completa 88 anos. (Fonte: José Aras, No Sertão do Conselheiro)


segunda-feira, 13 de setembro de 2021

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Um dragão que desafia


 

Brasil ontem e hoje (um dragão que desafia)

 


Charge: Rodrigo Brum no site uriozzzo.com

Brasil ontem e hoje
 
Meu caro leitor amigo
Que tem um tempo pra ler
As linhas deste cordel
Que me proponho escrever
Sobre meu pobre país
Que nos diversos brasís
Só vê miséria crescer
 
Ver que a fome tá voltando
Com desemprego crescente
Os preços só aumentando
Gente desalentada
Nessa nossa pátria armada
O problema se agravando
 
A crise só avançando
E a esperança morrendo
Mendigos por todo lado
O desespero batendo
Um dragão que desafia
Desemprego e carestia
Todo avanço revertendo
 
É triste repetição
Que num passado recente
No brasil era aflição
Que hoje o povo que come
Talvez se esqueceu da fome
Que assolava a nação
 
Mortes por inanição
Era a coisa mais comum
De três crianças nascidas
Por sorte escapava um
E covas no cemitério
De mortes no puerpério
Não era nada incomum
 
Crianças no desjejum
Tinham café com farinha
No almoço e no jantar
Feijão puro coitadinhas
Na miséria do meu povo
Riqueza era ter um ovo
Ou um caldo de galinha
 
Um luxo comer sardinha
Um biscoito recheado
Nunca se via iogurte
Em tão recente passado
Que agora está voltando
Com o país afundando
Depois do golpe orquestrado
 
O sertanejo coitado
Pra poder ganhar o pão
Vivia de arrancar topo
Sujeito a exploração
Quem é mais velho recorda
Como era a tal “Engorda”
Espécie de escravidão
 
Com a enxada na mão
Debaixo do sol a pino
Para ganhar um trocado
Não tinha outo destino
Sofrer na mão do feitor
Era um tempo de horror
Para o homem campesino
 
Já o homem citadino
Sem emprego e sem rumo
Levando a vida de bico
Vício de jogo e do fumo
Excluído e humilhado
Fraco e depauperado
Espremido até o sumo
 
E nesse breve resumo
Devendo lembrar das filas
Pra receber cesta-básica
Entregue por uns gorilas
Aos gritos e empurrões
Nos miseráveis cordões
Onde a miséria desfila
 
Os produtos na mochila
Todos pior qualidade
Trazidos lá do Sudeste
Já perdida a validade
Distribuída a ração
Para o povo do sertão
Com toda brutalidade
 
Mantendo a desigualdade
O Nordeste na pobreza
Manter rico Sul/Sudeste
Foi sempre grande vileza
Que vigorou 'té 2000
Quando surge no Brasil
O período da grandeza
 
Surge comida na mesa
Depois de dois mil e três
Dinheiro na mão do pobre
Pra desespero burguês
Explosão da economia
Um horizonte se abria
Como ninguém nunca fez
 
E digo a todos vocês
Acabou mortalidade
Os ditos caixões de anjo
Foi virando raridade
Depois do Bolsa Família
Instituído em Brasília
Trouxe só dignidade
 
Nessa dita realidade
Fez forte a economia
Já não se via mendigos
O pleno emprego surgia
O pobre na faculdade
Na menor desigualdade
A esperança crescia
 
E já não se distinguia
O povo pobre do rico
A vestimenta era a mesma
Nesse ponto simplifico
As lojas cheias de gente
Era algo deprimente
Madame torcendo o bico
 
Era tema de fuxico
Aberta insatisfação
De parte da burguesia
Classe média de Plantão
Se mostrando indignada
Ao não achar empregada
Para sua exploração
 
Outra indignação
Era ver pobre estudando
Os filhos da empregada
Tanto doutor se formando
No Brasil da esperança
Teve um tempo de bonança
Que está se acabando
 
A miséria tá voltando
Já é fato a inflação
Desemprego exagerado
Perigo de apagão
O salário pequerrucho
Virou artigo de luxo
Gasolina e botijão
 
E parcela sem noção
Prefere que seja assim
Mesmo que o país
Se encaminhe para o fim
Que entre em guerra civil
Movida por fakenews
Burguesia de cupins
 
E vai piorar enfim
O país no rumo errado
O povo morrendo a míngua
Sem tutela do Estado
Correios e Eletrobrás
E até a Petrobrás
que querem privatizado
 
Cidadão desavisado
Que puxe pela memória
Que relembre o passado
Veja a linha divisória
De quando nesse país
O povo foi mais feliz
Em toda a sua história.
 
Inamar Coelho - 03/09/2021