sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Euclides da Cunha – muito a conhecer

 

Euclides da Cunha – muito a conhecer
 
A linda Euclides da Cunha
Princesinha do Sertão
Cidade acolhedora
Destaque na região
Com seu comércio vibrante
Com seu povo esfuziante
Desperta nossa atenção
 
De Ruylândia a Murity
Diversas festividades
De Pinhões a Serra Branca
Belezas em quantidade
Carnaíba, Aribicé
Massacará, Caimbé
Sobressai pluralidade
 
Em cada uma tem arte
Nossa gente é inspirada
Grandes quadrilhas juninas
Em todo ano aguardadas
O Teatro é grandioso
São João, o mais famoso
Nossa cidade aclamada

Da palha do licuri
Temos belo artesanato
Temos ararinha azul
Compondo nosso retrato
E temos milho e feijão
Nossa terra inspiração
É nosso orgulho de fato

Terra do grande ícone
De fama nacional
Nosso Pedro Sertanejo
Responsável principal
Pelo forró no sudeste
Sua obra inconteste
O comprova genial 

Do Sanfoneiro Guidô
Saído do Cumbe de Cima
E também do Rato Branco
Nosso forró legitima
Na terra de Morenito
Em cordéis deixou escrito
A conhecer nos intima
 
Manifestações de fé
Temos reisado em janeiro
Resiste as bandas de pífanos
São José o padroeiro
Em junho tem as trezenas
Santo Antônio cumpre as penas
Do Santo casamenteiro
 
O mês de junho fervilha
É tempo de São João
Em Ruiyândia tem São Pedro
Festejada Tradição
A cidade em toda parte
Revela cultura e arte
Em marcada devoção
 
Nesse tempo as quadrilhas
Tem destaque cultural
Ensaiam o ano inteiro
Num empenho sem igual
Juventude mobiliza
No arraiá concretiza
O espetáculo final
 
Em setembro os carurus
Nesse sertão nos irmana
São Cosme São Damião
Da cultura lusitana
Nos Carurus a cidade
Sincretiza a divindade
Da herança africana

E da nossa negritude
Nossa força, nosso axé
Temos bem representada
No espaço do Candomblé
E no espaço da Umbanda
O sincretismo comanda
É arte, cultura e fé
 
Chega oito de dezembro
Nossa fé reabilita
Na festa da padroeira
A cidade se agita
A linda Igreja Matriz
Recebe o povo feliz
É a festa mais bonita
 
A cidade é referência
Do natal Luz do Sertão
O espetáculo das luzes
Que já virou tradição
Torna mais lindo o Natal
A comoção é geral
Uma grande atração
 
Contudo há de observar
Há muito que conhecer
Saber da nossa história
E buscar compreender
Todo caminho trilhado
Conhecer nosso passado
É nosso grande dever
 
Saber das nossas origens
A formação da cidade
Sobre os índios Caimbés
Sobre a nossa identidade
Nossa história registrada
Por José Aras Contada
Com muita propriedade
 
No Sertão de Conselheiro
Sua obra necessária
Registra a nossa história
Em linguagem literária
Poeta historiador
Jose Aras professor
Leitura prioritária
 
Precisa Ler os Sertões
A obra monumental
Do grande Euclides da Cunha
Leitura fundamental
Sobre a história da guerra
Que elevou nossa terra
À fama nacional
 
Euclydes que dá o nome
A nossa Euclides da Cunha
Escreveu a grande obra
Os sertões que testemunha
Paira hoje monumento
Sua estátua lá no centro
O grande livro empunha
 
Quando virou cidade?
Quem fundou o povoado?
De onde o nome Cumbe?
Qual seu significado?
São questões a se fazer
Pesquisar e conhecer
O desafio tá lançado
 
Saber das nossas riquezas
Saber das desigualdades
Que afeta o homem do campo
E o povo da cidade
Saber das nossas origens
Saber o que nos aflige
Saber da realidade
 
Vou ficando por aqui
Pra não ficar enfadonho
Sei que não abordei tudo
Nesse texto que componho
Incentivo a estudar
E nas obras pesquisar
É o que aqui proponho.
 
(Inamar Coelho, 27/08/2020)
 


sábado, 22 de agosto de 2020

A passagem de Antônio



 O massacre de Canudos é o ponto de partida pra entendermos o Brasil de sempre...

O Brasil do futuro

 Hoje, 22/8/2020, uma pessoa sem teto, moradora de rua, não acordou na Praça da Sé, depois de uma noite fria na cidade mais rica do Brasil. Morreu no frio de 8° ante a indiferença de quem vive no conforto... Quantos mais morrerão?

O massacre consumado




 Compreender Canudos é essencial para compreendermos o Brasil de hoje.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Agroecologia e a defesa da Caatinga

 



Agroecologia e a defesa da Caatinga
 
Chego pedindo licença
Pra falar do meu lugar
D’um pedaço do Brasil
De riqueza singular
Este sertão catingueiro
Tema do cancioneiro
Erudito e popular
 
Patativa do Assaré
Porta voz desse Sertão
Cantando seus lindos versos
Com Catulo da Paixão
O repente a cantoria
O cordel e a poesia
Garantiram difusão
 
E também Luiz Gonzaga
No forró rica linguagem
O Nosso rei do baião
Ao sertão fez homenagem
O grande Euclydes da Cunha
N’Os Sertões que testemunha
Da Terra com rica imagem
 
Contudo se faz urgente
Ampliarmos o olhar
Sobre o Bioma Caatinga
Que é esse nosso lugar
Com toda pluralidade
Sua biodiversidade
Conhecer e preservar
 
Conhecer é necessário
Pra desfazer preconceitos
Preservar mais que urgente
É nosso maior preceito
Aqui a vida é pulsante
Diversa e excitante
E requer nosso respeito
 
Nosso Bioma Caatinga
Resiste ameaçado
Por falta de entendimento
Segue sendo devastado
Espécies em extinção
Chamam nossa atenção
Reclama nosso cuidado
 
Ka’atinga é do tupi
Dá nome à vegetação
Chamada de “mata branca”
É a flora do sertão
Resistente adaptada
Muito pouco estudada
Triste constatação
 
Olham pra nossa caatinga
Com dúvida e indiferença
Pautadas no preconceito
Uma ignorância imensa
Temos biodiversidades
E particularidades
Muito mais do que se pensa
 
São muitas as ameaças
Q’afligem nosso sertão
Queimadas, desmatamento
Grilagem, mineração
De Deus essa obra prima
Sofre menos com o clima
E mais com a nossa ação
 
A Caatinga é dez por cento
Do terreno brasileiro
Com vegetação diversa
Baraúna e Juazeiro
Mandacaru macambira
Espécies que nos inspira
O licuri, o umbuzeiro
 
Temos a Carnaubeira
Da qual tudo se aproveita
A Palma, o Xique-xique
Que o gado bem aceita
Tem plantas medicinais
Com substancias vitais
Uma farmácia perfeita
 
Contudo há o perigo
Da desertificação
Dada a ação do homem
Com a falta de noção
Ao praticar a queimada
A Caatinga é devastada
Revertida em plantação
 
E planta feijão e milho
Ou cria gado de corte
Sem manejo a Caatinga
Sendo condenada à morte
Sem a orientação
Técnica, educação
A degradação é forte
 
Mas sei de uma saída
Com a Agroecologia
Mudar essa realidade
Necessária empatia
Nova técnica e ciência
Para nova consciência
Natureza em harmonia

Com a Agroecologia
É possível cultivar
A lavoura na caatinga
Sem a mata devastar
A lavoura sustentável
Eficiente e rentável
É preciso repensar
 
A preservação do solo
Das plantas de grande porte
Garante a vida silvestre
É mais vida menos morte
Prioriza a natureza
Ao futuro é certeza
para uma outra sorte
 
Replantar é necessário
Grandes espécies nativas
Tornando o clima ameno
E nossa Caatinga viva
A fauna vai ressurgir
E o erro corrigir
É melhor alternativa
 
E volta o coleirinho
A cutia e o preá
A onça, o gato do mato
E até tamanduá
Priquito maracanã
O sofrê e a cancã
E o nobre Carcará
 
Bem longe do umbuzeiro
Temos que criar o bode
E garantir que os brotos
Germine e se acomode
É nossa obrigação
Impedir a extinção
E deve ser nossa ode
 
Plantar milho ou feijão
Junto do Juazeiro
Mandacaru barriguda
E também do umbuzeiro
Sem queimar ou devastar
Pra melhor aproveitar
A natureza primeiro
 
A Agricultura Familiar
Pode nos dar a receita
A cultura sustentável
À natureza respeita
Usando o adubo orgânico
Sem receio e sem pânico
É a maneira perfeita
 
Essa é só uma visão
Da “ciência popular”
Da sabedoria indígena
De plantar sem devastar
Garantir sobrevivência
Fazer uso da “ciência”
E a Caatinga salvar
 
Não é mesmo coisa fácil
Alterar as estruturas
Implantar a novidade
Operar a ruptura
É preciso consciência
Estudo e paciência
Mudar a velha cultura
 
É plantar nas consciências
O respeito à natureza
A produção sustentável
E assumir a defesa
Dessa Agroecologia
Que no sertão concilia
Inteligência e beleza
 
Uma certeza existe
É possível produzir
No clima do semiárido
Sem precisar destruir
A produção sustentável
É o caminho viável
Pra poder coexistir
 
O que digo é possível
Tem exemplo a citar
Tem o caso da Ararinha
(Arara Azul de Lear)
Que quase em extinção
Com trabalho e ação
Hoje livre a voar
 
São asas de esperança
Prova da preservação
Mudança de consciência
Pelo homem do sertão
Hoje vivas majestosas
Na caatinga numerosas
Pra nossa reflexão
 
Preservando o licuri
Fruto do licurizeiro
Garante para Ararinha
Na Caatinga o seu viveiro
E o homem do sertão
Entende a preservação
Como ato alvissareiro
 
E este homem do campo
Também tem muito saber
Experiência de vida
E muito pra fornecer
Sabe do clima de olhar
Só precisa escutar
O que ele tem a dizer

Mas precisa de ajuda
Pra mudar a consciência
Conhecer novas maneiras
Com cuidado e paciência
Para a Caatinga dar frutos
A partir dos Institutos
Tecnologia e ciência
 
É riqueza sem igual
Os IF’s nesse sertão
Garantindo ao sertanejo
Necessária educação
Com a a Agroecologia
Boa nova anuncia
É futuro em construção
 
A produção de comida
De maneira sustentável
Sem uso de agrotóxico
Orgânica e confiável
É o grande ensinamento
Pra garantir alimento
Em prol da vida saudável

E levando essas ideias
Até o chão da escola
Ensinando as crianças
Nosso futuro decola
E pela cultura e arte
Levar isso a toda parte
Alimentando a cachola
 
Vou ficando por aqui
Mas deixando esse recado
Em defesa da Caatinga
Lugar do meu agrado
Sabendo que pouco sei
Mas do pouco que abordei
O fiz com todo cuidado

(Inamar Coelho, 19/08/2020)

sábado, 15 de agosto de 2020

Povo massacrado

 Conhecermos a história de luta do nosso povo e a construção desse país com sangue derramado em 520 anos de existência é condição sine qua non para formamos a tão necessária consciência crítica.

26 de maio do fogo de Maceté

 

Em 26 de maio de 1893 aconteceu um embate entre os peregrinos de Antônio Conselheiro e a Polícia Baiana na fazenda do Viana na localidade de Maceté, dias depois de Antônio Conselheiro ter incitado o povo a rebelar-se contra a cobrança de impostos no miserável sertão baiano. O evento está registrado na literatura e na memória do massacre fratricida vergonhoso de Canudos.

"Deu-se a primeira explosão. O governo procurou cercear cercear a propaganda e fez seguir uma diligencia em procura de Conselheiro. Encontrou-o em Macetê e teve de voltar rechassado pejo furor dos Conselheiristas. (Manuel Benício, O rei dos jagunços. 1899. p. 159)

"O acontecimento repercutira na capital, de onde partiu numerosa força de polícia para prender o rebelde e dissolver os grupos turbulentos. Estes naquela época não excediam a duzentos homens. A tropa alcançou-os em Maceté, lugar desabrigado e estéril entre Tucano e Cumbe, nas cercanias dás serras do Ovó. As trinta praças, bem armadas, atacaram impetuosamente a turba de penitentes depauperados, certas de os destroçarem à primeira descarga. Deram, porém, de frente, com os jagunços destemerosos. Foram inteiramente desbaratadas, precipitando-se na fuga, de que fora o primeiro a dar o exemplo o próprio comandante. (Euclydes da Cunha, 1902, p. 136)

127 anos depois Bruno Cavalcante,  conhecido Bruno Maceté, idealiza um projeto de lei que visa instituir o Dia do Fogo de Maceté como data comemorativa de modo a manter viva a chama da história que garante a identidade de luta e resistência do povo sertanejo contra as forças repressoras do governo que culminaram massacre de Canudos em 1896-1897.

Este texto serve para registrar a importância do evento e grandeza do projeto para a cultura local de Maceté em Quijingue na Região do Sisal no sertão da Bahia.

(Inamar Coelho, 14/08/2020)

sábado, 8 de agosto de 2020

futuro na contramão

 

Adeus ao Rato Banco

Rato Branco (Deusdete Ezequiel dos Santos) foi um euclidense, sanfoneiro de 8 Baixos e afinador de sanfona, que gravou LP nos anos 80 sendo produzido por Pedro Sertanejo. Faleceu no dia 05 de agosto com indícios para covid-19, conforme declaração de familiar à imprensa local.