terça-feira, 22 de outubro de 2019

Desemprego, fogo e petróleo





Desemprego, fogo e petróleo

Nos dez meses de absurdos
Que vive nossa nação
Um festival de sandices
Que chama nossa atenção
Um desfile de horrores
Do qual nenhum dos senhores
Aprova a situação

Tem fogo na Amazônia
Com o governo inerte
Petróleo no litoral
Na extensão do nordeste
Milhões de desempregados
O país estagnado
Não vemos nada que preste

O partido do governo
Brigando internamente
Em defesa do poder
Todos são competentes
Para a crise instituir
Até prometem implodir
O poder do presidente

Tudo isso meus amigos
Serve apenas de lição
Quiseram tirar o PT
Do governo da nação
Hoje pagamos a conta
Enquanto o governo afronta
Nossa constituição.

(Inamar Coelho)

domingo, 20 de outubro de 2019

A Santa Dulce dos pobres




A Santa Dulce dos pobres
1914-1992

  
É grande a satisfação
Que me toma nesta hora
Ao falar de irmã Dulce
Que o Brasil já adora
O anjo bom da Bahia
Que para nossa alegria
Acabou-se a demora

Dia treze de outubro
De dois mil e dezenove
O anjo bom da Bahia
Ao Santo Papa Comove
Que eleva Dulce a Santa
E o céu inteiro canta
E não há quem desaprove

Irmã Dulce era santa
Desde sua tenra idade
Dando assistência aos pobres
Vivendo pra caridade
Aos pobres abandonados
Ajuda aos necessitados

Ajudando os doentes
Fazendo filantropia
Acolhendo o desvalido
Era o anjo da Bahia
É reconhecida Santa
O povo não se espanta
Pois como santa vivia

Pequenina e muito frágil
Mas com uma força gigante
Sempre pronta para a lida
Com seu maternal semblante
Sempre dando esperança
Ao idoso ou a criança
Com sua voz confortante

Nascida em Salvador
A capital da Bahia
Primeira santa católica
Que o bom Deus nos premia
Maria Rita nasceu
Mas Irmã Dulce viveu
E aos mais pobres servia

Desde os seus treze anos
Ao ver as áreas carentes
Da cidade da Bahia
Viu que dali para frente
Seria religiosa
Tornou-se a alma bondosa
Caridosa e indulgente

Aos mendigos ajudando
Aos enfermos desvalidos
A força do poder de Deus
Com seu amor desmedido
A Jovem Dulce crescia
O anjo bom da Bahia
Em puro amor convertido

Foi por ser nova demais
Não pôde ir pro convento
Então voltou a estudar
Sem esquecer seu intento
De viver a caridade
Mesmo naquela idade
De viver o mandamento

A família consentiu
E a casa transformou
Num centro de atendimento
Que sua vida consagrou
De São Francisco o exemplo
Era tanto atendimento
Que a notícia ecoou

Pessoas necessitadas
No bairro de Nazaré
Na Rua da Independência
Com caridade e fé
A jovem Dulce atendia
Era o anjo da Bahia
Com dificuldade até

No ano de trinta e três
O magistério termina
Se formando professora
Aquela jovem menina
Parte logo pro convento
Era agora o momento
Da sua missão divina

 Entrou pra Congregação
Das Irmãs Missionárias
No Estado de Sergipe
Por sua fé voluntárias
É noviça desde então
D’Imaculada Conceição
Do amor de Deus solidária

Após o hábito de freira
Sua imagem se firmou
Como a nossa Irmã Dulce
Que ao pobre sempre amou
A Santa Dulce dos pobres
Teve a sua causa nobre
Que Deus a santificou

No ano de trinta e quatro
Assume o magistério
Ali na Cidade Baixa
Ela tem seu ministério
Professora prodigiosa
Em missão religiosa
Um propósito muito sério

Atuar como professora
Não a tornou diferente
Assistindo na região
Toda família carente
Servia à comunidade
Com toda sua bondade
A caridade era urgente

No ano de trinta e seis
Uma União Operária
Funda com Frei Hidelbrando
Uma causa solidária
Um movimento cristão
De fé, amor e união
Agremiação necessária

Além dos necessitados
Militava por direitos
Pela causa operária
Tinha de todos respeito
Irmã Dulce era santa
O seu nome se agiganta
O amor era o preceito

No ano de trinta e nove
Inaugura um colégio
Dá o nome Santo Antônio
Garantindo privilégio
Aos filhos dos operários
Ato revolucionário
Comportamento egrégio

Recolhendo os sem teto
Nas ruas de salvador
Ocupando algumas casas
Era um ato de amor
Fez em defesa da vida
Sendo a única medida
Contra o mundo opressor

Foi expulsa é verdade
Mesmo assim não desistiu
Lutou por mais de 10 anos
Até que um dia conseguiu
Um albergue implantar
Para poder ajudar
Quem o mundo excluiu

 Era o antigo galinheiro
Que pertencia ao convento
Que transformou em albergue
E depois deu provimento
Criando um hospital
Com seu amor maternal
Do divino mandamento

O Hospital Santo Antônio
Ela ajudando a criar
Contribuiu grandemente
Pra muitas vidas salvar
Teve a vida dedicada
Por isso era adorada
Um ser de admirar

Setecentas as pessoas
Eles atendem por dia
No Hospital Santo Antônio
A dor do pobre alivia
Feito de fé e amor
Pra honra de nosso senhor
Pelo anjo da Bahia

 Em mais de sessenta anos
De vida de caridade
O anjo bom da Bahia
Partiu pra eternidade
No ano noventa e dois
Santificada depois
Pra glória da cristandade

No ano dois mil e onze
Dulce é beatificada
Após cura milagrosa
Por ela realizada
Uma mulher sergipana
Com hemorragia tamanha
Por irmã Dulce Curada

Seu nome é Cláudia Santos
Que pode testemunhar
Do sangramento pós-parto
Que não queria estancar
A UTI desenganou
Mas Padre Almir orientou
À Santa Dulce orar

 Com um segundo milagre
Dulce é canonizada
Após a cura de um cego
Foi pela fé consagrada
O Vaticano aprovou
Papa Francisco assinou
Dulce foi santificada

O baiano José Maurício
Cego por quatorze anos
Orou à Santa Irmã Dulce
Com desejo soberano
O milagre aconteceu
O Papa reconheceu
Com aval do Vaticano

A Santa Dulce dos pobres
Uma freira caridosa
Viveu seus dias na terra
Com sua fé prodigiosa
Disseminando o amor
Merece nosso louvor
A sua ação gloriosa

 Ela deixou o exemplo
De amor e caridade
O anjo bom da Bahia
Um exemplo de bondade
Que sempre velou por nós
Hoje é a nossa voz
Até a eternidade.

Se você tem fé em Deus
E também faz caridade
Se consegue amar o próximo
E cultiva a humildade
Santa Dulce lá no céu
Não te deixará ao léu
Lhe terá fidelidade

Vou ficando por aqui
Registrando no cordel
Vida e obra dessa irmã
Que teve negado o Nobel
Um anjo de alma nobre
A Santa Dulce dos pobres
Que hoje habita no céu.

(Inamar Coelho, 19/10/2019)

 Texto em homenagem à santificação de Irmã Dulce, a primeira santa católica nascida no Brasil, na Bahia e com milagres reconhecidos pelo Vaticano.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Militância no Cordel

Militância no Cordel

O cordel é ignorado
Pelo poeta erudito
Por surgir no mei' do povo
Do elitismo, proscrito
É injustiça tamanha
Mentalidade tacanha
Pra mudar isso milito

Ao cordel não há limite
Dada a flexibilidade
Do seu modo narrativo
Sua ficcionalidade
Épico, lírico, dramático
Informativo ou didático
Tem sua complexidade

Tem fábula também romance
Crônica com muito humor
Tem drama e tem comédia
Para parvo e pra doutor
Cabe o mundo no cordel
Na rede ou no papel
Da cultura é transmissor

Manteve a fidelidade
Na rima e na estrutura
E hoje na internet
Mantém a mesma postura
O cordelista internauta
Sendo ousado Argonauta
Tem demonstrado bravura.

(Inamar Coelho) 17/10/2019

Cordel é arte do povo


O cordel nasceu do povo
La no século dezenove
Traduzindo no papel
A cultura que se move
Se tornou literatura
Resistindo com bravura
Numa saga que comove

Servindo pra divertir
Ou também pra informar
Em pelejas epopeias
Da terra, do céu, do mar
Venceu o tempo o Cordel
Do oral para o papel
Virou arte secular

Sendo hoje estudado
Pela nobre academia
Objeto de pesquisa
De quem antes lhe bania
O cordel tem seu espaço
E sem nenhum embaraço
Na Internet se recria

Contudo mantém fiel
Sua forma e sua rima
Não cedendo a modismo
A sua matéria prima
É tudo que vem do povo
Seja antigo ou seja novo
Do povo se aproxima.

(Inamar Coelho)

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

O Cordel resiste


O cordel que foi a mídia
Nos temos lá do passado
Servindo pra informar
No seu folheto narrado
Todo acontecimento
Perrengue ou casamento
Era logo registrado

Chamado de ABC
Nas vilas do interior
Nas bibocas do Sertão
Servia de professor
Era lido e declamado
Deixando o povo letrado
O ouvinte e o ledor

Hoje resiste na rede
Cumprindo a mesma função
Ensinando e divertindo
Levando a informação
No universo virtual
O cordel se faz real
Nessa nova geração

Na rede se faz presente
Limite já não existe
O cordel tomou o mundo
A nossa rima insiste
Repente, Xilogravura
Afirma nossa cultura
Na Internet resiste.

(Inamar Coelho)