sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Cordel pela Consciência Negra


Cordel pela Consciência Negra

1
O Brasil nosso país
Imenso por natureza
Desigualdade é certeza
Tem aberta a cicatriz
De africana matriz
A nossa maior riqueza
A escravidão foi empresa
É preciso Consciência
É preciso resistência
Da negritude a defesa

2
Por isso leitor amigo
Chamo vossa atenção
Pra essa reflexão
Para isso que instigo
Ouvindo bem o que digo
Sobre o negro da nação
Que depois da escravidão
Alijado da história
Minorada a trajetória
Sua luta e opressão

 3
A consciência geral
Partindo d’alguns olhares
Do desejo de milhares
Surgindo o marco legal
Em âmbito nacional
Aceita em muitos lugares
Dando ao tema novos ares
Em dois mil e onze a lei
Homenagem para o rei
Do quilombo dos Palmares

4
Zumbi homenageado
Dada a sua resistência
Renovando a consciência
Garantindo seu legado
Sendo ele então vingado
A Palmares reverência
Que sofreu a consequência
De lutar por liberdade
Novembro é na verdade
Mês negro por excelência
  
5
Treze de maio ficou
Como marca na memória
Como fato na história
Como data que marcou
Lá o pior começou
Início da trajetória
Da liberdade ilusória
Sem a terra e sem lugar
Sem nome, sem posse ou lar
De escravo a escória

6
Os quilombos que surgiram
Em focos de resistência
Pela falta de clemência
Daqueles que os baniram
Primeiro os que fugiram
Em tempos de turbulência
Fugiam da violência
Do jugo da opressão
Que embalou a nação
E clama por consciência

 7
Nos anos de mil seiscentos
De noventa e cinco a data
Nossa história relata
Um torpe acontecimento
O assassinato cruento
Pela traição ingrata
Que a história retrata
Foi de Zumbi a degola
Que o livro da escola
Pouco conta pouco trata

8
Lutou pela liberdade
Um grande herói se tornou
Sua morte inaugurou
Do negro a centralidade
E nossa sociedade
Muito pouco avançou
O preconceito aumentou
É preciso consciência
É preciso resistência
Pelo que zumbi legou

  9
Zumbi acendeu a chama
Lutou contra a escravidão
Essa data tem função
Da justiça que reclama
Sentimento que inflama
Essa nossa condição
É questão da Educação
Avivar a consciência
Em novembro a resistência
Contra toda opressão

10
O Brasil tem maioria
População negra e parda
E uma história que guarda
Passado que desafia
Saiamos da letargia
Consciência não aguarda
Que sejamos a vanguarda
Dessa negra resistência
Ciência da consciência
Que o fascismo retarda

 11
Ser negro nesse Brasil
É questão de identidade
E enfrentar a maldade
Deixando de ser servil
Ver no racismo sutil
Da nossa sociedade
É um mal que na verdade
Precisa ser combatido
E o tema debatido
Junto ao da desigualdade

12
Se negro se assumir
Se pardo se orgulhar
E juntos enfatizar
Até o branco admitir
Que é preciso construir
Até ressignificar
A mesma história contar
Renovando a consciência
Reforçando a resistência
Não podemos esperar

 13
É ensinando a criança
O jovem adolescente
Uma consciência urgente
É semente de esperança
É o germe da mudança
Da sociedade doente
Do preconceito silente
Que nega o tal racismo
Alimenta o comodismo
E segrega nossa gente

14
Você que me lê agora
Preste muita atenção
Nessa orientação
Consciência não tem hora
Sentimento que aflora
Basta só motivação
Revisar nossa visão
Nossa raça é humana
O respeito então reclama
Aprendamos a lição
  
15
Vou deixando este recado
Para qualquer estudante
Pra que daqui por diante
Não precise ser cobrado
Já que por ser educado
Já não sendo ignorante
O preconceito é vexante
É preciso combater
Estudar e entender
Que o racismo é aviltante

16
A história nos ensina
Que precisamos mudar
Que é preciso revisar
A ideia que domina
Na mente fazer faxina
Para o passado olhar
A consciência fundar
O negro merece respeito
E acabar o preconceito
E o racismo exterminar.

Inamar Coelho, 2/11/2018. Texto em cordel incentivado pela colega Luciana Macêdo para o novembro negro.

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