sábado, 3 de novembro de 2018

Notícia de José Aras


Notícia de José Aras

1
O tema deste cordel
Que pretendo registrar
Sobre grande sertanejo
Do qual devemos lembrar
Foi grande historiador
Cordelista e escritor
E ser humano exemplar.

2
Nascido em Lagoa da Ilha
Nas terras de Monte Santo
Na freguesia do Cumbe
Sendo euclidense, garanto
Nos idos de oitocentos
E noventa e três, adventos:
Ele e a guerra, no entanto.

3
Em maio o primeiro fogo
Em julho, ele nascendo
No sertão de Conselheiro
Muita coisa florescendo
José Aras e a Guerra
Concedem a esta terra
Fama, nome e adendo.
4
Quando a guerra aconteceu
Ele era uma criança
Mas em toda sua vida
Ele a teve por herança
Contando a sua história
Em versos sua memória
Nos relatos da lembrança.

5
Foi ele um autodidata
Foi poeta e repentista
Um grande pesquisador
Da sua terra cronista
Sua vida e sua obra
Tendo elogios de sobra
A ser passada em revista.

6
Só estudou por dois meses
Num tamborete de escola
Com um professor competente
Mesmo sendo mestre-escola
Sua educação informal
Foi sua vivência real
E os livros na sacola.
7
A leitura na sua vida
Foi presença constante
As andanças no sertão
Começadas desde infante
Sua poesia em cordel
Sua história no papel
Tornaram-lhe um Atlante.

8
No seu Cordel “Meu Folclore”
Contou a saga primeiro
Defendendo a história
Do Beato Conselheiro
O outro lado da Guerra
A defesa desta terra
Um olhar crítico, certeiro.

9
A cidade era o Cumbe
Palavra da língua africana
Do Kibundo era “sol”
Mas um nome lhe ufana
Ficou Euclides da Cunha
Sendo esta a alcunha
Do escritor da guerra insana.

10
N’Os Sertões tem o relato
Do homem, da luta, da terra
Registrou naquela obra
O crime que foi a guerra
José Aras nessa linha
Faz homenagem certinha
Mas sua ação não encerra.

11
A cidade tinha nome
Precisava de um hino
Escreveu a obra prima
Que de arte denomino
Homenageando a terra
Os irmãos mortos na guerra
Um tesouro genuíno.

12
Através de seus cordéis
Transformou-se em literato
Ao registrar a história
É historiador de fato
Fez o hino da cidade
Deu-lhe o nome e identidade
Sua memória resgato.

13
Resgatar, palavra imprópria
Reavivo ou reacendo
José Aras é imortal
Demonstrar é o que pretendo
Convoco a população
E também a Educação
A sua obra ir lendo.

14
A obra “Sangue de irmãos”
Grande historiografia
que enriquece o relato
Vargas Llosa o teria
Foi manancial fecundo
Pra “Guerra do fim mundo”
Isso digo sem ironia.

15
“No Sertão do Conselheiro”
Outra obra necessária
História com poesia
Leitura prioritária
Muito tido e pouco lido
À sua leitura convido
É cultura literária.

16
“No Sertão do Conselheiro”
Conta a história da cidade
Como tudo começou
Homem de capacidade
De Canudo a Monte Santo
Esse desafio levanto:
Negar-lhe a autoridade.

17
Quando trabalhou no Censo
Iniciou coleção
Com material da guerra
Fez um museu no sertão
Era um visionário
Da cultura emissário
Era um homem de ação.

18
Literatura e história
Feita por homem da terra
Que registra do seu povo
Sua vida e sua guerra
Contribui pra educação
E convoca pra ação
Quem o segue nunca erra.

19
Foi grande pesquisador
No campo da hidrologia
Sabia localizar agua
Como fosse por magia
“Como descobrir cacimbas”
Com esse livro “catapimba”
Sua epistemologia.

20
Sua poesia encantou
Grandes nomes da nação
Entre eles Calazans
Não cabe apresentação
É registro sua história
Orgulho sua memória
Seu legado e sua ação.

21
Ele tinha a intenção
De poder contribuir
Com a história dessa terra
O orgulho restituir
Temos história de luta
De resistência e labuta
Que ele quis difundir.

22
Conhecer José Aras
É nossa obrigação
Reconhecer sua obra
É gesto de gratidão
Por tudo que representa
Que sua escrita ostenta
É a nossa redenção.

23
O Colégio José Aras
Tem nome em homenagem
Mas é preciso estuda-lo
Entender sua mensagem
Entender a nossa história
É nossa maior vitória
É nossa melhor bagagem.

24
Nosso passado de lutas
Nosso povo é riqueza
Nosso negro nosso índio
Nossa terra de grandeza
Homens como Jose Aras
Personalidades raras
Nossa maior nobreza

25
Vou ficando por aqui
Saiba que não disse tudo
Sobre a obra desse grande
Que merece mais estudo
Do pouco que aqui falei
Penso que incentivei
A conhecer, sobretudo.

Inamar Coelho, 03/11/2018 


José Soares Ferreira Aras nasceu aos 28 de julho de 1893 no Sítio Lagoa da Ilha, Cumbe, (hoje Euclides da Cunha), na época município de Monte Santo, freguesia da Santíssima Trindade de Massacará, e faleceu em Euclides da Cunha, a 18 de outubro de 1979. Foi autodidata, poeta, repentista, crítico dos costumes em sua terra, pesquisador, prosador e o primeiro a contar em versos decordel e em prosa a história da guerra de Canudos, na visão dos sertanejos, conforme registrou o prof. José Calasans Brandão da Silva, que foi seu hóspede em Bendegó. Foi o idealizador da mudança do nome de sua terra Cumbe para Euclides da Cunha, por Decreto do então interventor Landulpho Alves. Por ocasião da 1ª Semana da Cultura de Euclides da Cunha em 1972 compôs o Hino. Preocupado com as riquezas arqueológicas do Estado e com a memória nacional, organizou o único museu do interior, reunindo fósseis e todo o tipo de armas usadas na guerra de Canudos. Dentre as suas obras mais importantes destaca-se Sangue de irmãos e No Sertão do Conselheiro. 

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Cordel pela Consciência Negra


Cordel pela Consciência Negra

1
O Brasil nosso país
Imenso por natureza
Desigualdade é certeza
Tem aberta a cicatriz
De africana matriz
A nossa maior riqueza
A escravidão foi empresa
É preciso Consciência
É preciso resistência
Da negritude a defesa

2
Por isso leitor amigo
Chamo vossa atenção
Pra essa reflexão
Para isso que instigo
Ouvindo bem o que digo
Sobre o negro da nação
Que depois da escravidão
Alijado da história
Minorada a trajetória
Sua luta e opressão

 3
A consciência geral
Partindo d’alguns olhares
Do desejo de milhares
Surgindo o marco legal
Em âmbito nacional
Aceita em muitos lugares
Dando ao tema novos ares
Em dois mil e onze a lei
Homenagem para o rei
Do quilombo dos Palmares

4
Zumbi homenageado
Dada a sua resistência
Renovando a consciência
Garantindo seu legado
Sendo ele então vingado
A Palmares reverência
Que sofreu a consequência
De lutar por liberdade
Novembro é na verdade
Mês negro por excelência
  
5
Treze de maio ficou
Como marca na memória
Como fato na história
Como data que marcou
Lá o pior começou
Início da trajetória
Da liberdade ilusória
Sem a terra e sem lugar
Sem nome, sem posse ou lar
De escravo a escória

6
Os quilombos que surgiram
Em focos de resistência
Pela falta de clemência
Daqueles que os baniram
Primeiro os que fugiram
Em tempos de turbulência
Fugiam da violência
Do jugo da opressão
Que embalou a nação
E clama por consciência

 7
Nos anos de mil seiscentos
De noventa e cinco a data
Nossa história relata
Um torpe acontecimento
O assassinato cruento
Pela traição ingrata
Que a história retrata
Foi de Zumbi a degola
Que o livro da escola
Pouco conta pouco trata

8
Lutou pela liberdade
Um grande herói se tornou
Sua morte inaugurou
Do negro a centralidade
E nossa sociedade
Muito pouco avançou
O preconceito aumentou
É preciso consciência
É preciso resistência
Pelo que zumbi legou

  9
Zumbi acendeu a chama
Lutou contra a escravidão
Essa data tem função
Da justiça que reclama
Sentimento que inflama
Essa nossa condição
É questão da Educação
Avivar a consciência
Em novembro a resistência
Contra toda opressão

10
O Brasil tem maioria
População negra e parda
E uma história que guarda
Passado que desafia
Saiamos da letargia
Consciência não aguarda
Que sejamos a vanguarda
Dessa negra resistência
Ciência da consciência
Que o fascismo retarda

 11
Ser negro nesse Brasil
É questão de identidade
E enfrentar a maldade
Deixando de ser servil
Ver no racismo sutil
Da nossa sociedade
É um mal que na verdade
Precisa ser combatido
E o tema debatido
Junto ao da desigualdade

12
Se negro se assumir
Se pardo se orgulhar
E juntos enfatizar
Até o branco admitir
Que é preciso construir
Até ressignificar
A mesma história contar
Renovando a consciência
Reforçando a resistência
Não podemos esperar

 13
É ensinando a criança
O jovem adolescente
Uma consciência urgente
É semente de esperança
É o germe da mudança
Da sociedade doente
Do preconceito silente
Que nega o tal racismo
Alimenta o comodismo
E segrega nossa gente

14
Você que me lê agora
Preste muita atenção
Nessa orientação
Consciência não tem hora
Sentimento que aflora
Basta só motivação
Revisar nossa visão
Nossa raça é humana
O respeito então reclama
Aprendamos a lição
  
15
Vou deixando este recado
Para qualquer estudante
Pra que daqui por diante
Não precise ser cobrado
Já que por ser educado
Já não sendo ignorante
O preconceito é vexante
É preciso combater
Estudar e entender
Que o racismo é aviltante

16
A história nos ensina
Que precisamos mudar
Que é preciso revisar
A ideia que domina
Na mente fazer faxina
Para o passado olhar
A consciência fundar
O negro merece respeito
E acabar o preconceito
E o racismo exterminar.

Inamar Coelho, 2/11/2018. Texto em cordel incentivado pela colega Luciana Macêdo para o novembro negro.

domingo, 30 de setembro de 2018

Desafio de Cordel - Sobre preconceito.

A proposta é que cada um possa construir uma estrofe seguindo o mote, a quantidade de versos, as sílabas métricas e sem fugir do tema.

Em cada estrofe nova enviar junto o nome do autor. 

Mãos á obra.

Modelo de versos decassílabos para um martelo agalopado

1  / 2   / 3 / 4 /5 /6 / 7  / 8  / 9 / 10 / -

O /Bra/sil /é /u/ma/ na/ção/ i/men/sa


Mote:
Dá tristeza um país tão dividido
Vamos já dizer não ao preconceito.


Glosa:

O Brasil é uma nação imensa
Nossa gente é formada da mistura
Nossa vida um caldeirão de cultura
Nossa força está bem na diferença
É preciso acabar com a desavença
Exigindo de todos o respeito
Liberdade de "ser" é um direito
Pela lei é descrito e garantido
Dá tristeza um país tão dividido
Vamos já! dizer não ao preconceito. (Inamar Coelho)

deixem suas contribuições nos comentários e vamos construir nosso cordel coletivo.

domingo, 23 de setembro de 2018

Aos Colegas da Especialização em Ensino de Sociologia no Ensino Médio – UFBA 2017/2018


Aos Colegas da Especialização em Ensino de Sociologia no Ensino Médio – UFBA 2017/2018

Caros colegas de luta
De estudo e de labor
Nessa especialização
Que cursamos com louvor
Chegada a reta final
Nada é mais natural
Q’um cordel despedidor

O tempo passou depressa
Entre fóruns e leituras
Entre provas e debates
O que fica na moldura
É mesmo o dever cumprido
O saber adquirido
E essa nostalgia pura

De cada colega fica
Um pedacinho na mente
Em cada participação
Exaltada ou docemente
Marcou e ficou marcado
Mesmo ficando calado
Atuou ativamente

Não posso falar de todos
Não sendo então contrassenso
É pra não ficar maçante
Em um cordelzão imenso
Quem eu não mencionar
Queira assim me perdoar
É pra não ficar extenso

Eu vou começar por Bruno
O Bruno de Maceté
Engajado e militante
Na palavra e no tripé
Sua arte é sua lente
Sua musa é sua gente
E o Fogo é sua fé

Wellington é o professor
Que faz o aluno ver
Que a escola é o caminho
Que a luta é pra valer
Cada participação
Com muita convicção
E prazer em debater

Jonatha com Luziara
Esforço e dedicação
Contribuindo deveras
Em cada participação
Tão jovens e empenhados
Atentos e engajados
Sempre prontos pra ação

Douglas sempre "pontual"
Mas sempre contribuindo
Luciana sua parceira
À dupla acudindo
E foi desde as primícias
Trazendo suas delícias
E a todos nós nutrindo

Marivaldo sempre alerta
Fundamentando o saber
Junto a Antônio Carlos
Uma dupla pra valer
Comigo e com Jardan
No sábado de manhã
Só Vera pra nos deter

Às vezes Bruno entrava
No grupo da atividade
E Wellington também
Aí digo sem maldade
Só Vera pra acelerar
Vendo todos terminar
E a gente na metade

Era um debate intenso
Quase que interminável
Cada um com seu saber
E cada qual mais notável
Teoria e experiência
Sociologia é ciência
Isso é incontestável

E Rosa tão sapiente
Participação vital
Contribuindo sempre
Tão doce e maternal
Presente na sua fala
Experiência de sala
E da Ciência Social

Elaine conheço bem
Sempre muito esforçada
Participando do grupo
Muito bem adaptada
Mesmo com tanto afazer
Trabalho estudo e bebê
Não abandona a estrada

Seu grupo é bem seleto
Com Thais, Magna, Ivone
Socorro também Jailson
Não posso esquecer um nome
Juntos buscam o saber
Se esforçado pra valer
É um grupo de renome

Como é o de Camilo
Com empenho e união
Com Ayla e Jailma
Experiência e ação
Seus relatos e vivências
Nos dando a ciência
Da crise na educação

Fábio é outra figura
Que preciso mencionar
Conhecimento na área
É bom pra equilibrar
Ele junto com Rosa
Bom debate boa prosa
E Adalgisa, é bom lembrar

Karina também presente
Com Wagner de Monte Santo
Michele outra colega
Presente o tanto quanto
E todos contribuindo
O objetivo atingindo
Missão cumprida, garanto

Adriana e Conceição
Regiane e Edicléia
Todas com todo empenho
Nessa nossa epopeia
Estudo labor e vida
Família sonhos e lida
Só quem passa faz ideia

Também Maria do Carmo
Pessoa especial
Superando a distância
Numa labuta real
Todo esforço só revela
O tamanho da novela
Do saber oficial

Girleide e Lucidalva
Com Wilker e Vicente
Com Marcela e Diego
Nossa turma é muita gente
Ana Paula e Maíra
Nesse tempo que expira
Recebemos a semente

Janete sempre pronta
Maria José do seu lado
Desistindo da viagem
Deixaram seu recado
E cada um do seu jeito
Faz o momento perfeito
Por isso será lembrado

Foi Gabriel Swahili
O primeiro a plantar
Foi com Vera adubando
Que Nancy veio ajudar
Com Eliane Boa Morte
É certo tivemos sorte
Na memória vão ficar

Vera Rocha sempre  incrível
Tutora por excelência
Sempre foi nosso farol
Doçura e competência
Mediou e elucidou
Nesse curso que findou
É a nossa referência

A UFBA concretizou
Mediante a U.A.B.
O sonho de cada um
Promovendo o saber
Ensinou Sociologia
Enquanto metodologia
Por meio da E.a.D.

Agora o Ensino  Médio
Será privilegiado
Professores competentes
Nessa área afiados
Discutir sociedade
Com mais naturalidade
Pois estamos preparados

Promover o estranhamento
E desnaturalizar
Os problemas sociais
Aqui, ali, acolá
Mostrando os outros lados
Demolir o fato dado
Fazendo o aluno pensar

Mesmo em tempos de crise
Com reforma em andamento
Com os cortes de recursos
Com reprise no momento
Sociologia é Ciência
Mesmo na intermitência
O saber é nosso alento

Vou ficando por aqui
Talvez esquecendo alguém
Uns ficaram no caminho
Outros aguentaram bem
Em tudo fica a certeza
O curso: uma riqueza
A todos: os parabéns.

Inamar Coelho, 23/09/2018