quinta-feira, 21 de abril de 2016

Zapeando na TV no dia do Impeachment

Zapeando na TV no dia do Impeachment

Caro leitor amigo
Peço vossa atenção
Pra falar de um assunto
Que pede reflexão
Que tá sempre em nossa vida
Foi em guru convertida
É a tal televisão

Por ela vemos o mundo
A notícia e diversão
Propaganda e novela
Música e religião
Política e culinária
Na programação diária
Só não tem reflexão

Em dezessete de abril
Um dia muito esperado
Marcado pra votação
Do impeachment falado
Na rua povo reunido
Em casa eu não duvido
Povo na TV ligado

11h00 da manhã
Ligo a TV pra saber
O rumo que o país terá
Se o Impeachment vencer
Outra saída não há
Aqui nesse meu lugar
Se não for pela TV

Na Globo uma chamada
Mostra manifestações
Nos estados do Brasil
Tece considerações
As pessoas estão nas ruas
Dessa vez de cara nua
Bradando opiniões

Mas notamos um detalhe
Na hora de comentar
Quando é contra o impeachment
Deixa sempre a desejar
Mostra do ângulo pior
Tentando mostrar menor
A aglomeração que há

Quando a situação é pró
Então é privilegiada
A imagem abre o ângulo
A visão é ampliada
Fazendo o povo entender
Que a verdade pra valer
É aquela simulada

Então resolvi mudar
Procurar outro canal
Para ver informações
Sobre a situação geral
Mas que tal decepção
Ver que a televisão
É enganação total

Aperto no SBT
Tá passando um seriado
Daqueles bem idiotas
Pra te deixar alienado
Preso numa fantasia
Inerte com alegria
À caverna condenado

Pulo pra TV Brasil
Esta mostra discussão
Mas só tem na parabólica
Nem toda população
Pode ali acompanhar
Para então participar
Nessa grande decisão

Passo para o canal 4
Tem o templo de Salomão
Mostrando depoimentos
Dos fieis que lá estão
Induzidos à cegueira
Pensando ser verdadeira
Toda manipulação

Pulo pro canal 5
Programa de caminhão
Repleto de propaganda
Pra toda federação
Mostrando o lado bom
E também o não tão bom
Sem muita reflexão

Ligo então na Record
E só tem comercial
Parei quase 3 minutos
Pensando não ser real
Um programa de auditório
Repete o repertório
Alienação Universal

Então a Rede Vida
Se esforça em doutrinar
Com a religião católica
É o programa no ar
Com evangélicos concorre
Enquanto o povo recorre
À crendice popular

No oito canal de vendas
Oferecendo de tudo
Camas e apartamentos
Com nada disso me iludo
Querendo fazer sonhar
Quem não consegue comprar
Comida acima de tudo

No nove encontro o PAPA
Falando ao povo do mundo
Sobre o mal que ainda reina
Embaixo do céu rotundo
Fala aos jovens e velhos
Conselhos do evangelho
Aquele texto fecundo

No 10 tem o futebol
Com times do estrangeiro
Te deixando ocupado
Pois é isso o dia inteiro
Enquanto o mundo gira
E o Brasil todo pira
Com problemas verdadeiros

No 11 canal do boi
No 12 tem boi também
Neste nem perco tempo
Neles não fico refém
Passo logo para frente
Tolo, bobo, todo crente
Procurando o que não tem

No 13 mais propaganda
Da tal Claro TV
O dia todo naquilo
Desperdício pra valer
Só mais alienação
Essa é a televisão
Que liberam pra você

Com programas instrutivos
TV escola a valer
É conhecimento vivo
É estudo na TV
Mas é pouco assistida
Muito menos difundida
E nem todos podem ver

No 15 tem é mais boi
Passo para o dezesseis
La tem programa de estudo
E do tipo dessa vez
Que leva à reflexão
Incentiva a discussão
Nesse me demorei

No dezessete mais vendas
No dezoito religião
Mas no canal do Governo
Lá temos outra noção
O que não mostra a TV
Ali você pode ver
Outro ângulo de visão

Passo pra TV senado
Mais discussões importantes
Passo para TV Câmara
Bastidores preocupantes
Sob o comando de Cunha
A disputa é na unha
O sim é predominante

Canal doze discussão
Sobre gênero na Espanha
O teórico católico
Faz a sua campanha
Mas você pode pensar
E nem se contaminar
Nesse jogo perde e ganha

No vinte e três mais bois
No vinte e quatro religião
No vinte e cinco auditório
No vinte e seis alienação
Mil bugigangas vendendo
E vc se esquecendo
Da sua dura condição

Vinte e sete sem sinal
Repetido, quando tem
Vinte e oito evangélico
Vinte e nove é boi também
Só no trinta se equaliza
Com as suas tintas baliza
Cultura do sul mantém

No trinta e um mais boi
Já não tenho paciência
Desisto dessa TV
Que me embaça a consciência
Vou buscar na internet
Algo que me complete
Ou que deixe reticências

O Impeachment começou
Fiquei de queixo caído
Com o festival de asneiras
O país está perdido
Deputados desvairados
Ali eram convocados
Para seu voto devido

Uns votavam pelo filho
Outro pelo eleitor
Votavam pela família
Foi um circo de horror
Sem argumento plausíveis
Foram atuações risíveis
Da nação um desfavor

Teve apologia à tortura
E até cuspe na cara
Xingamento acusação
Falta de respeito clara
Na globo teve placar
O povo a acompanhar
Aquela atração rara

Assim o povo tirou
Toda sua conclusão
Tudo ali esta claro
Sem muita simulação
Coisa rara na TV
Quase tudo que se vê
Tem roteiro e direção

Campeã de audiência
A globo é quem domina
Entra em todas as casas
É também sua inquilina
Diz como deve viver
E até como proceder
Seu modelo dissemina

A TV é feita assim
Para então te alienar
Te deixando ocupado
Sem nem raciocinar
Te entrega tudo pronto
Do vigário é o conto
Feito pra te dominar

Na semana é igual
Você até pode ver
Logo cedo culinária
A invadir a TV
E você dona de casa
O seu sonho extravasa
E nem pode perceber

A programação infantil
É outra bem explorada
As crianças se ocupam
É a babá desejada
Já domina na criança
Aquela linda esperança
De crescer politizada

No almoço o repórter
No telenoticiário
Dito sensacionalista
Desgraça a crediário
Como se o país inteiro
Fosse um caos verdadeiro
Constrói seu imaginário

À tarde tem vídeo show
Vale a pena ver de novo
Tem os casos de família
Ocupação para o povo
Tudo bem agendadinho
Prazer no nosso mundinho
Bobo na casca do ovo

Depois tem sessão da tarde
Outro filme repetido
Já são quase quatro horas
E vc bem entretido
Sem tempo de ver o mundo
Que muda a cada segundo
Prefere ser iludido

Aí vem a malhação
Pras garotas novidade
Onde a moda é imposta
E os pais nem vê maldade
Sendo expostos a tudo
Temas adultos contudo
Visto por qualquer idade

E depois vem a novela
Pobre da dona de casa
Que tendo de revezar
Quase sempre se atrasa
Entre fazer o jantar
E também louça lavar
Nessa lida se compraza

Vou ficando por aqui
Pedindo o seu perdão
Se talvez te ofendi
Com a minha opinião
Só quis te fazer pensar
Tentando só te mostrar
Mas tire sua conclusão.


17/04/2016

terça-feira, 5 de abril de 2016

O Rei do Forró é do Cumbe!


Caro leitor amigo
Peço vossa atenção
Pra falar de um homem
De grande reputação
Artista de muita fama
Que o Brasil todo aclama
Mas nem tanto no sertão

Falo de um grande artista
Músico por excelência
Compositor sanfoneiro
Da mais alta competência
Aqui no Cumbe nasceu
E esquecido morreu
Mês deixou sua essência

Nascia um euclidense
Em vinte e seis de abril
Do ano de vinte e sete
Tá no registro civil
Filho de Aureliano
Homem de muito tutano
Neste sertão do Brasil

O mestre Aureliano
Afinador de sanfona
Fato muito curioso
Que pouco se leciona
Foi genitor desse homem
E avô de outro nome
Que fama coleciona

Este grande de que falo
É um tanto desconhecido
Um quanto ignorado
Castigo imerecido
Pois ele é responsável
E o Rei mais que provável
Do forró instituído

O que digo é verdade
E é o que quero mostrar
Esse homem é responsável
Pelo forró prosperar
Leia com toda atenção
Essa minha explicação
E você vai concordar
  
No ano de 46
Dezenove de idade
Muda-se para são Paulo
Buscando prosperidade
Como todo sertanejo
Esse era seu desejo
Dada sua habilidade

Era exímio sanfoneiro
Artista, autodidata
Seguindo os passos do pai
É o que a história relata
No fole de 8 baixo
Não ficava cabisbaixo
Verdadeiro acrobata

Alavancou o forró
No sudeste brasileiro
No fole de oito baixo
Do forró foi pioneiro
O xote "Roseira do norte"
Sendo o seu passaporte
Em 56 o primeiro

No ano de 64
Fundou uma gravadora
A famosa Cantagalo
Do forró ampliadora
Todo e qualquer sertanejo
Que tivesse tal desejo
Ela era a difusora

O famoso Dominguinhos
Na época iniciante
Foi graças à Cantagalo
E ao talento pulsante
Que o Brasil conheceu
E Dominguinhos cresceu
O seu sucesso vibrante

Foi primeira gravadora
Chamada alternativa
Pois não tinha voz nem vez
Na camada lucrativa
Impulsionou a carreira
Quebrando a tal barreira
Pessoal e coletiva

Muita gente ali gravou
De fama nacional
Anastácia e Ary Lobo
Zé Gonzaga, Genial
Até Jackson do pandeiro
Outro grande brasileiro
De sucesso colossal

No ano de 66
Abre casa de forró
Ali no bairro do Brás
Não tinha lugar melhor
Era o ponto de encontro
E tudo estava pronto
Não tinha forró maior

Todo grande sanfoneiro
Naquele palco tocava
Todo e qualquer nordestino
Que em são Paulo morava
Ali matava a saudade
E sua outra metade
Naquele forró encontrava

Você já está curioso
Para saber de quem falo
Tenha calma meu amigo
Daqui a pouco assinalo
É que a curiosidade
Alimenta a novidade
Até que dê o estalo

Mas vou dar mais um detalhe
Para não ficar maçante
Seu filho é muito famoso
E tem sucesso marcante
Oswaldinho do Acordeon
Filho que herdou o dom
E o talento brilhante

Agora você já sabe
De quem eu estou falando
É de Pedro Sertanejo
Mas vou logo avisando
Este artista querido
Não pode ser esquecido
É algo que estou cobrando
  
Músicas mais de quinhentas 
Compõe o seu repertório
Do autentico forró
Com seu talento notório
Tal homenagem merece
E o forró agradece
Deste ato é meritório

Pedro de Almeida e Silva
Nosso Pedro Sertanejo
Promover nosso forró
Esse era o seu desejo
E hoje paira esquecido
La no passado perdido
Mudar isso eu pelejo

Pedro é o Rei do forró
Pois Luiz é do Baião
Pois foi Pedro sertanejo
Que o tirou do Sertão
Levando para o sudeste
Lá o forró se reveste
De pompa e convicção

É o forró pé-de-serra
Da sanfona pé de bode
Aquele pra dançar juntinho
Que o corpo todo sacode
Que a morena peneira
O suor é de biqueira
Se um cansa o outro acode

Pedro tocou em Euclides
Pouco antes de morrer
Se disse muito feliz
Em sua terra rever
Mas pouco tem se falado
E muito menos lembrado
Que dirá reconhecer

Em 2017
Faz 20 anos da morte
E se renova a lembrança
Por sua herança forte
Pelo forró pé-de-serra
Fazendo da nossa terra
Um lugar de muita sorte

A cidade de Euclides
Precisa homenagear
A história desse filho
E sua arte sem par
Disco, mais de cinquenta
Música, mais de quinhentas
Figura tão singular

Merece memorial
Por sua ilustre sanfona
Merece ser estudado
Por ser ilustre persona
Por todo o seu legado
Que tão pouco é notado
Que pouco se menciona

Jurema Mascarenhas Paes
A cantora brasileira
Nascida em salvador
Em tese muito certeira
Trata a casa de forró
Como o espaço melhor
De interação verdadeira

Para tal e qual teórica
Boa sociabilidade
Criada no seu forró
Servia bem na verdade
Ao migrante sertanejo
Como espaço de festejo
E pra curar a saudade

Espero em ver o dia
Que o povo reconheça
Na figura desse homem
O respeito que mereça
Que conheça sua história
E preserve sua memória
Antes que desapareça

Vou ficando por aqui
Já deixei o meu recado
Sobre Pedro Sertanejo
Um euclidense arretado
Artista da nossa terra
Sua vida de encerra
Mas merece ser lembrado.

Se quiser conhecer mais
O Youtube fornece
Muitas composições
Ouvir com calma merece
O xote Roseira do norte
Ouça e terá a sorte
do melhor que se conhece.

Por Inamar Santos Coelho, 04 de abril de 2016, singela homenagem à proximidade dos 20 anos de morte de Pedro Sertanejo.