segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sobre a reforma ortográfica


Querido leitor amigo
Com humildade vou falar
Sobre a nova ortografia
Qu’ agora vai vigorar
O que muda e não muda
Se útil ou absurda
É você quem vai falar.

Nosso velho alfabeto
Letras, tinha vinte e três
Com K, W e Y
Agora contam vinte e seis
Nada de novo ainda
Nisso a mudança é bem vinda
No resto eu já não sei.

O trema já não existe
Se for escrever, se ligue
Em pronúncias distintas
Como bilíngue e estilingue
É bom ser bem eloquente
Por aqui a dica é quente
Não deixe que a língua míngue.

Não se usa mais o acento
Nos ditongos - éi e ói
Em palavras paroxítonas
Prestar a atenção não dói
(Eu apoio) não pede apoio
(Heroico) não leia herôico
Já na oxítona, é Herói.

Também nas paroxítonas
Em I e U pós ditongos
Não se usa mais acento
Calma, calma o dia é longo
Feiúra fica feiura
E o Quintino Bocaiuva
Perde o agudo pós ditongo.

Nas palavras oxítonas
O acento permanece
Nos papéis, e nos troféus
No Piauí ele aparece
Não precisa decorar
E nem se desesperar
Lendo você não esquece.

O acento também sumiu
Daquelas letras juntinhas
Dá enjoo mas eu perdoo
Por tanta, tanta regrinha
Eles lêem, escreve leem
Voo, abençoo e veem:
Pode fazer a burrinha.

Calma leitor amigo
Tudo só está começando
Tem regra que só a bexiga
Que aqui vou te mostrando
É o novo português
Pra mim e pra todos vocês
É bom ir se conformando.

Não se usa mais o acento
No par diferencial
Pra saber do para e para
O contexto é essencial
Pôde é passado de poder
Pode é presente, dá pra ver
Exceção é natural.

O mesmo ocorre em por
Pôr verbo é com acento
No plural de ter e vir
Vêm e têm é com acento
Em fôrma e forma, tanto faz
O acento não é demais
No nosso entendimento.

Outro ponto é o hífen
É bom prestar a atenção
Prefixo antes do H
É regra e não exceção
Anti-higiênico e sobre-humano
Só não usa em subumano
Que perde o h na exceção.

Se o prefixo termina
Com vogal a diferente
Da vogal que inicia
O nome que vem na frente
O hífen é eliminado
Escreve tudo emendado
Esta regra é excelente.

Não se usa mais o hífen
Se o prefixo find'em vogal
E o segundo elemento
Não é R ou S, e tal
Escreve-se coprodução
Anteprojeto, autoproteção
Tudo junto é legal.

Mas se o segundo elemento
É R e S, a regra muda
Duplicam-se essas letras
Minissaia e antirruga
O hífen aqui não pode
Se teimar pode dar bode
Estude e não se iluda.

Mas o hífen aparece
Se o prefixo é vogal
Se o segundo elemento
Inicia com mesma vogal
Faça a auto-observação
E com muita atenção
Aprender é natural.

O mesmo se consoantes
Iguais no fim e no início
No início da palavra
E no fim do prefixo
Veja em "super-resistente"
"Superrico" é recorrente
É um acordo prolixo.

Sub-região tem hífen
Você pode constatar
Mas se em qualquer prefixo
Em consoante terminar
O hífen é eliminado
Escreve tudo emendado
Superamigo, interescolar.

Com vice sempre usa hífen
Com ex, pós, e recém
Vice-rei e ex-prefeito
No pré-vestibular, também
Sem-terra, recém-nascido
Não pode ser esquecido
O hífen aí cai bem.

Mas algumas palavrinhas
Surgidas de composição
de tanto uso comum
Perdeu essa tal noção
Girassol não tem mais hífen
Ficou melhor, alguns dizem
Só precisa atenção.

Toda essa reforma surge
Para quem fala português
Não é só para o Brasil
Não se iludam vocês
Angola, Timor e Portugal
Cabo Verde, Guiné Bissau
São Tomé e mais uns três.

Ainda bem que a regra
Só atinge a escrita
E a grande maioria
Não vai ficar aflita
Continue falando bem
E entendendo também
É o que se acredita.

Tudo isso só é bom
Pr'as editoras e tal
Que vão lucrar e muito
Refazendo o arsenal
Dicionários e gramáticas
A coisa fica bem prática
Haja tanto manual.

E como fica o professor
Na hora de ensinar?
Para explicar pro menino
Que nem sabe soletrar,
Que tranquilo não tem quilo
Que isto não é aquilo:
Vai ter é que rebolar.

Mas não há o que fazer
Ta feito, tá decidido
Já corre no mundo inteiro
Ninguém mais ta confundido
Na hora de escrever
Não se deve esquecer
As regrinhas que te digo.

Inamar Coelho 2009

A morte do São Francisco



Meu caro leitor amigo
Quero deixar registrado
A mágoa que tem comigo
Em ver um rio condenado
Mais pela falta ação
Do governo da nação
Intentar golpe malvado

D'um lado um padre zeloso
Do outro o governo insensato
Por um rio que caudaloso
E hoje um velho cansado
Jamais recebeu tal afronta
No estado em que se encontra
Ter o seu curso mudado

Um padre faz greve de fome
E alerta a população
Mas ele é só um homem
Em auto-flagelação
É preciso que entendam
E à sua súplica atendam
Não queiram a transposição

Velho Chico cambaleia
E o ribeirinho sofre
A água que banha a areia
Já não é tão rica nem forte
O rio que corta o sertão
Não merece condenação
Nem tão severa morte

O governo insiste em tal ato
Em um projeto horroroso
Querendo tornar em regato
Quem já não é majestoso
Tirando da boca de uns
Para satisfação de alguns
Fingindo ajudar o seu povo

Com tanto problema maior
Como a reforma agrária
Salário mínimo melhor
Reforma penitenciária
O combate a corrupção
Reforma da educação
E a política monetária

Erradicação da fome
Diminuição da pobreza
Valorização do homem
Respeito à natureza
Moradia aos sem teto
Deixem o rio lá quieto
No seu curso e correnteza

O governo tolo acha
Pela terra seca do norte
Pelo sol, que quente racha
Que o nordestino sofre
Quando falta é investimento
Respeito e implemento
Pro povo mudar de sorte

Não é sangrando o rio
No seu leito moribundo
Ele que alimenta o estio
Mesmo mostrando o fundo
Não é com esse agouro
Despir um pra vestir outro
Que vão salvar o mundo

O nordeste é o lugar
Onde nasceu o Brasil
Seca e fome sempre cá
E o povo sempre bravio
A padecer no esquecimento
Que é o maior sofrimento
Deste povo varonil

O pais se é norte e sul
há a desigualdade no meio
Enquanto um povo quase nu
Outro esbanja sem receio
E o governo em covardia
Prima pela minoria:
Aqueles que têm dinheiro

Para sangrar o vei’chico
Muita gente vai ganhar
Em projetos, acredito
Até sem superfaturar
Empresários levam parte
O governo engenho e arte
E reputação a zelar

Esquece-se que tal asneira
é um intento escuso
Dinheiro de tal maneira
Que só um ser obtuso
Não vê que é tão insensato
Que Investir em tal ato
É algo um tanto absurdo

A água que sair de lá
Do rio que ora agoniza
O que não evaporar
Entre a terra seca desliza
Voltando pro leito da terra
Água não sobe serra
É o que a sensatez avisa

Não se resume o nordeste
Na faixa a ser banhada
Pela água que reste
Se a praga for lançada
O rio vai perecer
E o nordeste vai ver
Que o plano é uma furada

A falta d’agua é problema
Que enriquece o governo
Com projetos desse lema
Gastando dinheiro a ermo
A SUDENE foi um deles
Só serviu para que eles
Escamoteasse o desprezo

O padre clama à nação
Que olha o nordeste de lado
Para que todos em ação
Barrem esse projeto malvado
Para que não matem o rio
São Francisco do Brasil
Em seu leito abandonado

Já basta a Amazônia
Com seus dias contados
A mata atlântica, que vergonha
Nem rastro do seu legado
Agora o rio velho Chico
Que já foi forte e foi rico
Terá pescoço sangrado

Por isso venho pedir
Que parem com tal asneira
Deixem o Chico prosseguir
Na sua rota primeira
Vão fazer reforma agrária
Que é coisa necessária
E não essa besteira

Vocês deviam matar
O rio da desigualdade
Que aqui corre sem par
Em cada campo e cidade
Acho que sangrar o Chico
É idéia de jerico
Com requinte de maldade.

Inamar Coelho
(16/11/2009)

terça-feira, 7 de julho de 2009

A chegada de Michael Jackson no inferno e a fuga para o céu.















Morreu o então rei do pop
Aquele cara esquisito
Elevando o tal ibope
E deixando o povo aflito:
ao menos os mais dementes,
ele tinha muitos crentes
em muitas partes do mundo;
dos dois lados da terra,
em alto mar ou na serra,
até no inferno profundo.

E justamente no inferno
onde o rei era esperado
o diabo botou terno,
fez até um penteado,
para um grande mega evento.
Não permitiu contra tempo
ou nada para atrapalhar:
com palco climatizado
camarote estilizado,
tudo pra impressionar.

Afinal é carne nova,
pelo menos nas profunda,
saiu direto da cova,
lá nem esquentou a bunda:
o diabo o esperava
enquanto cantarolava
“Us Bad”, música estranha.
Até segurava “as partes”
o gritinho era arte
numa feiúra tamanha.

Chegando lá no inferno
ele parou assustado
com o diabo de terno
e o mesmo penteado:
Loucamente rebolando
“um rei do pop”, se achando,
e o enxofre subindo;
Elvis Presley enciumado
Jerry Lee todo afobado
Jene Kelly enfurecido.

Aí Michael não gostou
de medonha imitação.
De pronto se revoltou,
ali não ficava, não:
aquilo era uma afronta,
feiúra demais da conta,
Pensando que agradava.
Mas o diabo sem jeito
em um instante refeito
bradou que ele ficava.

Quem você pensa que é?
Figura torpe medonha.
Disse o diabo de pé
sem nem fazer cerimônia:
um cara que não tem cara
até um cego repara;
nem trejeito de homem;
não sabe se é preto ou branco
nem se tanto grito é canto,
pra você não tenho nome.

Michael Jackson corado
deu um passinho pra traz.
O diabo encorajado
e querendo dizer mais,
mas ele tomou coragem
defendendo sua imagem
grande rei absoluto:
Não fedia pelo menos
e chifre muito menos
bradou firme resoluto.

O diabo enfurecido
rosnou alto e feroz,
mas nada tava perdido
logo então tomou a voz:
fedor se tira com banho
e chifre é certo ganho
quando o cabra tem mulher,
mas você é esquisito,
esqueleto de mosquito,
nem bicho sei se tu é.

O rei do pop irado
deu o passinho do “thrilla”
e logo meio afobado
olhou o pai da mentira
chamando-o de rejeitado;
de pano de chão jogado
no monturo do inferno
querendo passar por astro
mas era mais um “desastro”
de penteado e de terno.

E tu? grita o diabo:
de calça meia coronha,
Não se faça de rogado
seu tipo é morde fronha,
com este nariz de boneca
canela de perereca
e bunda de muriçoca,
cara de tubi de velha,
carranca de caravela,
eu sei o que você toca.

Vai de retro satanás:
disse o rei em desvantagem.
Jogou o cabelo pra traz
e soltou a embreagem:
o chamou de pai do lodo,
enquanto o inferno todo
dançava o tal do “be it”,
os demônios de um lado
os finados do outro lado
e cada um mais sibite.

Vamos parar por aqui:
disse o diabo resoluto,
comece agora a cumprir
o que diz o estatuto:
Você morreu em pecado
e já que ta todo ferrado
o que você quer ainda?
Seu lugar é do meu lado
pronto tá acabado:
essa é sua nova vida.

O rei do pop bradou:
cai fora cara de bode,
eu fui um cara bom
comigo você não pode,
vou é já falar com Deus
fique ai com os seus
e com outros que chegar;
espere pela Madonna
seu bicho feio cafona
o céu é meu lugar.

Vamos ver seu mariquinha,
gargalhando o diabo,
com essa sua carinha
você vai ser condenado;
a tudo você negou
a cara, o cabelo, a cor,
vivendo na desregrada;
mexeu com tanta criança
assim até Ele cansa,
a paciência é esgotada.

Você já veio direto,
aproveite e aceite;
aqui eu te dou um teto
fama, fãs e deleite;
todo demônio te adora
e chegou a sua hora
vamos todos te assistir.
Quem estiver enciumado
vai ter que ficar calado
dançar, cantar e aplaudir.

Tem aqui muita criança
também bons cirurgiões,
tenha toda confiança,
aqui tens fãs aos milhões.
No céu ninguém te suporta
lá vão te bater a porta
e se entrar fica em cana.
Você tem cara de demônio:
feio, desajeitado e medonho.
Aqui ninguém te engana.

James Brown torceu o bico
Ray Charles fez cara feia
Freddie Mercury faniquito
Elvis se aperreia,
mas o diabo insiste
no seu intento persiste:
(o mega show e a alma).
O inferno em polvorosa
numa hora perigosa
o diabo pede calma.

O rei do pop pensou
e impôs uma condição,
que de uma vez falou
não aceitando um não:
Só fico se eu for o rei,
ser rei é tudo que sei,
e tu será rebaixado;
vais fazer o que eu mandar,
sem querer te enganar
eu quero ser o diabo.

Satã num ato incontido
Bufou e louco rugiu:
“fila da puta” metido
vai a puta que pariu;
Eu posso fazer-te churrasco
Fazer tu lamber meu casco
Ou trazer teu pai pra cá:
aquele é como eu
lembre quem te bateu
pra tu aprender a dançar.

Promovo teu pai a chefe
dos demônios boiolados
e te promovo a jegue
pra ele andar montado,
seu projeto de defunto.
Nem depois de os pés juntos
tu aprende teu lugar:
passou a vida bestando
fazendo merda e negando
ainda quer me enfrentar.

Eu te entrego a lampião
pra tu saber quem eu sou;
a Hitler, meu capitão
ou ao conde empalador,
pra tu deixar de besteira
falando tanta asneira,
querendo o meu lugar.
Fica por bem ou por mal,
isso é muito natural,
ninguém nunca quer ficar.

Michael no páreo duro,
no embate com o capeta;
Estava ele em apuro,
a coisa ficava preta.
Já estava convencido
do inferno merecido
e tinha de considerar:
ali tinha platéia cativa
e uma eternidade viva,
o melhor era ficar.

No céu aquele povo altivo,
tudo branco era a treva;
Era pior que ficar vivo
viver naquela caterva:
Povo sem agitação
só jejum e oração
Era melhor ser interno,
antes e dali pra frente
Rei do pop eternamente
nas profundas do inferno.

O diabo ficou contente
e logo todo empolgado
o rei do pop finalmente
ficava ali de bom grado.
O “thriler”, mandou tocar
e todo mundo dançar
era o evento infernal:
tanta coisa feia junta,
muvuca e fumaça muita:
estava em casa afinal.

Enquanto o inferno fervia
Michael saiu de mansinho
aproveitou, ninguém via
e fugiu bem rapidinho.
Foi bater lá no altíssimo
chamando pelo santíssimo
implorando pra entrar,
São Pedro já o esperava
dele o céu precisava
para o ibope aumentar.

Quando o diabo notou
que tinha sido enganado
de pronto se engasgou
e ficou todo cagado:
tinha ficado pra traz
o temido satanás
com cara de tabaréu;
o magrelo pop star
tinha ido se arranchar
nas dependências do céu.

Lá foi bem recebido
era garantia de lucro
foi logo convertido
Rei do pop absoluto:
era preciso renovar
a imagem do lugar
que tinha fama de tédio;
novos adeptos trazer
pros lucros fazer crescer
ele era um bom remédio.

Reparou que era bom
pois tinha lá muito anjinho.
Logo afinou o tom
pra fazer o som lentinho
das baladas melosas,
das letras melodiosas,
e de letras sociais.
E o céu acompanhando
Com tanta harpa tocando
e os arcanjos pedindo mais.

A direção já vislumbrava:
o céu não vai ter lugar.
A notícia se espalhava:
o céu enfim vai “bombar”.
O rei do pop no comando
e já o “Thriller” tocando
e São Pedro cobrando ingresso;
lá dentro um escarcéu,
No inferno ou no céu,
Michael Jackson é um sucesso.

Inamar Coelho - 2009

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Homenagem à minha turma de Letras 2004 - 2008

Homenagem à turma de letras 2004

Caro leitor amigo
Quero agora registrar
Tudo o que então consigo,
Sem tanto esforço, lembrar.
Do tempo da faculdade
Com muita felicidade
Das amizades que fiz.
De todos falo um tantinho
Cada um do seu jeitinho.
Fui lá feliz por um triz.

Foi no Campus Vinte e Dois
Que passamos quatro anos.
A saudade só depois
Foi quando nos separamos.
Até o último dia
O clima de euforia,
Para logo terminar;
Sufoco do TCC
Nos levou a esquecer
Que íamos nos separar.

Começo por Anastácio,
O "polícia" de Araci:
Cara de sorriso fácil,
Contagiante e feliz.
O riso ele garantia,
À chamada respondia
Present, em inglês.
A professora irritada
E a turma ouriçada
Com a piada da vez.

O mais politizado,
Gledson, de Tucano.
Do Jorro, tô desculpado
Por esse tão grande engano:
"O mais belo travesti",
Nem na TV nunca vi,
Ao lado de Anastácio,
As pernas mais torneadas
Maquilagem caprichada:
"Na turma comédia fácil.

Nikátia, Bárbie do sertão
Pra Gledson perdeu o posto
Vindo lá de cansanção
Ficou com certo desgosto.
Quando o poeta Fernando,
Ao ver Gledson desfilando
Não te fez mais seus poemas.
Mesmo ela inteligente
Bela, e muito competente,
Preferiu aquela ema.

A Heide jogando duro
Dando uma de mulata.
Nunca passou por apuro
Isso qualquer um relata.
Os rapazes de plantão
Ficaram com o queixo no chão
Com a curvas da doidinha:
Parecia um tornado
Com aquele rebolado:
A globeleza todinha.

Fernando nosso poeta
Fez versos apimentados.
Sem deixar a Nik quieta,
Deixou Gled aperreado.
O Anderson Enquanto isso
Com seu grande reboliço
Paquerando a mulherada.
Solteira ou comprometida
Dava sua investida
Não dispensando nada.

E o Fábio "queimadense"?
Garoto batalhador.
Sobretudo inteligente
No time se destacou.
Em cada apresentação
Logo vinha o bordão:
“Queimadense”, e o riso.
Lá ninguém compreendia
O que aquilo dizia:
E eu é que não digo.

Iara na oratória
Fazia o verbo valer.
Segura e sempre notória
Apresentava sem ler.
Junto a doce Raquel
Teoria no papel
Valendo a experiência.
Trazendo do cotidiano
Fatos e exemplificando:
Oradoras de excelência.

Bagno para Gynvaldo
Era o papa da Lingüística.
Pasquale dava respaldo
Para Jefferson, o purista.
E a briga entre os dois
Não ficava pra depois
Era sempre acirrada.
Mas no fim uma trégua,
Fecha a conta passa a régua.
Oh! sala boa danada!.

Karla da “fashion-week”
Tirava toda atenção.
Morena bela, "sibite"
Mas de grande coração.
Raquel, Izeuda e Lorena
Mereciam um poema
Por tanta amabilidade.
E Gilsilene também
Não quero esquecer ninguém.
Estão todos na saudade.

Bérgson grande pessoa
No comecinho de tudo
Sua presença, na boa
Deixou um espaço absurdo.
A voz de Carlos no poema...
A falta é sempre uma pena,
Patrícia nos cativou;
Evelin, Jamile e Marcelo.
Mas não quebramos o elo
A amizade perdurou.

Soninha passou por lá
E deixou sua presença.
Seu jeitinho de falar
E sua bondade imensa.
Ficou por lá pouco tempo
Mas não esqueço o momento
Quando eu apresentava,
Um daqueles seminários
De estudos literários,
Notei que alguém me escutava.

Marcelo passou por lá
Com toda sua polêmica.
Quis até questionar
O pessoal da acadêmica.
Um dia com Cezarela
Quase teve uma querela
Mas depois tudo acalmou.
Estávamos pra discutir
Aprender é isso aí
Cada um com seu valor.

Logo chegam caras novas
Nos lugares que vagou.
Logo tudo se renova
Outra amizade iniciou.
Acácia, pequena notável.
Orestes, pessoa amável.
Verônica veio pra ficar.
O time estava completo
Nosso jardim repleto
E jornada pra trilhar.

Rosana e Mary formavam
Exemplo de parceria.
Desde o início laboraram
Também Daniela e Maria.
Letícia e Ana Paula
Juntas em toda a aula,
Como Telma e Juliana.
Ana Karine e Eridan
Ontem hoje e amanhã
Nunca se apague a chama.

Eloína de Monte Santo 
Heroína e guerreira.
Sossegada no seu canto
Em cultura era a primeira.
Sobre tudo do sertão,
Conselheiro e Lampião:
Ela tinha o seu papel.
Prezo sua lealdade
E entre outras verdades
Me apresentou o Cordel.

De pavio curto, Viviane
E Gisa tão companheira
Doçura de Oliviane
E Zilda sempre faceira.
Nossa sala heterogênea.
Diferentes almas gêmeas
Como Ilza e Inamar,
Sempre juntos, até na lista,
Que essa amizade resista
Até a vida cessar.

Railda colega nossa 
Inseparável de Gisa.
Na alegria ou na fossa
Duvidar ninguém precisa.
Acácia também fez parte
O grupo “fazia arte”
Com nosso “burguês” Fernando.
Cada um falava mais
Nenhum ficava atrás
E o tempo ia acabando.

Telma, a nossa fidalga
Também falava bonito.
Ela só tinha uma mágoa:
O tempo era restrito.
Era sempre companheira
Cativou a turma inteira
Com seu sorriso leal.
Anastácio a cutucava:
De fidalga a chamava
Mas nada de todo mal.

Lucivone, a galega
Que no fim ficou morena.
Falar de todos não chega
Grande Jú, nossa pequena.
Tinha a verônica do mel
E a doce Benta do céu,
Sempre com naturalidade.
Todas compondo o elenco
Personagens do bom tempo
Tivemos na faculdade.

Ana Karine guerreira
Com Eridan, fiel dupla,
Sempre ali companheira
Estudou jornada dupla.
Bruno e Renata quietos
Donos do aplauso certo
Quando falavam na frente.
Como Benta e Acácia
E a Ilza da farmácia:
Eram a alegria da gente.

Dos mais tímidos vou falar
Não podemos esquecer
Jamile, Zilda e Mariá,
Na hora do vamos ver:
Tremor e esquecimento
Sem nenhum cabimento
Se éramos uma família.
Com cada um a seu jeito
Com educação e respeito.
Foi tudo uma maravilha.

Nossa Aparecida Rosa;
E Karla, índia, morena;
A Nikátia cor de rosa;
E os olhos de Lorena;
De Renata o sorriso;
Nada mais era preciso
Para a aula começar.
O Jefferson sempre sério
A Railda, “fala sério!”
Uma trupe de lascar.

Raquel na Filosofia;
Jefferson na Gramática;
Ilza na diplomacia;
Lorena na Didática;
Em Bagno, Gyn do grego
Cada um com seu enredo
Cerimônia não fazia.
De Paulo Freire a Freud
Lá, quase ninguém de bode
E nem cadeira vazia.

E Mônica? sempre no fim
Da segunda aula chegava
E ainda achava ruim
(risos) se alguém comentava.
Mas muito boa pessoa
Sempre de riso à toa
E pronta pro que viesse:
Pra prova já começada
Pra aula já iniciada:
Dessa ninguém esquece.

Amigo vou te contar
Não quis esquecer ninguém.
De quem passou por lá
Ganhou o meu querer bem.
Claro que do meu jeito
Sei que não sou perfeito
E não quero me iludir.
Há quem diga e garante
Que fui chato e irritante:
Perdão venho pedir.

Por tantas pedras passamos
Pelo meio do caminho.
Desde quando lá chegamos,
Acompanhados, sozinhos.
E nessas linhas te digo
Também fizemos amigos
E aquela fase vencemos.
Agora ficou a saudade
Junta à felicidade
Por tudo o quanto vivemos.

Não vou deixar de falar
Dos professores da gente,
Que vieram pra ficar
Ou que foram de repente.
Cada um deixou saudade
Não é nenhuma inverdade:
E serão sempre lembrados,
Se por pontos positivos
Ou por pontos negativos
É certo: fomos marcados

Por Andréa vou começar
Essa ficou pouco tempo
Mas bastou para deixar
Saudade e bom sentimento.
Com seu jeito carinhoso
E seu saber primoroso
Nos recebeu cordial.
Nos falou da literatura
Provando sua cultura
Ela foi sensacional.

Depois Leandro chegou
E nos trouxe o senso crítico.
Quem soube e aproveitou
Tem ele como um ser mítico.
Sua maneira de falar
O seu modo de pensar
Era tudo natural?
Mestre da Filosofia
Do seu jeito ele fazia
A gente cair na real.

Também a doce Patrícia
Pessoa distinta e amável.
Se tinha alguma malícia
Não era algo notável:
Sempre uma palavra amiga
E não conheço quem diga
Que não gostasse dela
Ao lado de Luiz Paulo
Parceria de respaldo
Boa professora ela.

Professor Nelson, de inglês
Na língua do norte, sem par
Fluente, e digo a vocês
Lá não tinha bla, blá, bla.
Houve desentendimentos
São naturais tais eventos
Entre pessoas normais.
O bom é que tudo passou
Nenhuma mágoa ficou
Só saudade, nada mais.

Um dia com Adriano
Houve um pega-pra-capá.
Gyvaldo, acho, zombando
Quase ia se lascar:
De Castro Alves fez pouco,
O professor ficou louco
Em defesa do poeta.
Ginvaldo arrependido
Se disse mal compreendido,
Mas daquilo nada resta.

Jonatas da literatura
Entre nós marca deixou
Do negro trouxe a cultura,
Sua arte e seu valor
E quando chegou Edivaldo
Com todo seu legado
A plantinha já crescia.
Com ele ficou mais forte.
Nossa base tomou norte:
Edivaldo é sabedoria.

Orlando outra pessoa
Que merece nosso apreço.
É o cara numa boa
Sua cultura não tem preço.
Curte patativa e rock,
Futebol e cultura pop,
Mestre em literatura.
Sabe tudo de nordeste
Por isso é cabra da peste,
Sem fazer conjetura..

Suani mulher valente
Espírito forte e evoluído
Sempre um passo à frente
E trabalho concluído.
Fonética e Fonologia
Lingüística e Filosofia
Quase tudo ela domina
Gosta de tudo certinho
Pra todos tem um tempinho.
Sempre bela e feminina.

Geysa, Edson e Carneiro
Esquecer vocês não posso
Trio estágio, verdadeiro,
Por isso o diploma é nosso.
Também Cleide, Cezarela,
Edna, não esqueci dela,
Deixaram sua pegada,
Márcia mora em nosso peito
Cada uma do seu jeito,
Nessa nossa caminhada.

Fabrício deixou saudade
Com sua aula grandiosa.
Um furacão de verdade
E uma mente valiosa:
Jogou duro no Latim,
Em Gramática, enfim,
Deixou marca registrada.
Lá todos o admiravam
Os espertos o imitavam
Tendo a prática renovada.

Ivete com paciência
Tudo em ordem mantendo.
Luiz Paulo com eloqüência
Mesmo de longe, provendo,
Ao lado de Valentim.
Campus XXII, enfim,
Virou nossa referência.
Foi um tempo de labuta,
Sertanejo não foge à luta:
Tudo em nome da ciência.

Na Xerox o Valmir
Cara legal e eficiente
Sempre pronto a servir
Tanta cópia a tanta gente
Mas depois Lenilton veio
Ele sempre achava um meio
De contar uma piada
Dos causos de Monte Santo
Quijingue, de todo canto
Sempre uma presepada

E não podemos negar:
Lá fomos bem recebidos.
Também saímos de lá
Muito mais instruídos.
Marta sempre amável
Duda sempre amigável
A biblioteca aberta.
Paulo, Mônica ou Alexandre
Na boa vontade grande
E Adelmo sempre alerta.

Se alguém não aprovar
Tudo que digo aqui.
Tenho que me conformar
Mas não posso desistir.
É preciso registrar
Para nunca se apagar
Tudo o que de bom vivemos.
Então esqueçamos as mágoas
Banhemo-nos em novas águas:
Morrendo a memória, morremos

Já está bem redundante
Tanta estrofe e tantos versos.
É que a saudade é grande
E pouca arte, confesso.
Grande abraço a cada um
Perdão se esqueci algum,
Não era minha intenção.
O que quero mesmo é gravar
Para sempre eternizar
A nossa graduação.

Vou ficando por aqui
Porém com muita saudade.
A todos que conheci,
Cada um com sua verdade,
Deixo minha reverência,
Não com muita excelência
Por ser só um amador.
Mas nestas linhas eu tento
Deixar agradecimento
E apreço, sem rancor.

Inamar Coelho (24/02/2009)