Resposta
à uma provocação
Recebi
provocação
De
um mestre que admiro
Sobre
uma senhora tal
Numa
espécie de delírio:
Viu
jesus na goiabeira
Em
desmedida doideira
Que já nem me admiro
A
proposta era de humor
Mas
pra mim já não consigo
Pra
ele terreno fértil
Mas vejo só o perigo
O
retorno à idade média
Me
envenena a comédia:
À
seriedade me obrigo
Em
um mês estamos vendo
O
desenho do futuro
Uma
nação perplexa
Pelo
tiro no escuro
Do
projeto sem programa
Em um grande mar de lama
Sem
apólice de seguro
Em
um mês muitos desmandos
Em
propostas revogadas
Seleção
de aberrações
Indicações
complicadas
Na
história me embaso
Renovação
do atraso
A
distopia é fundada
Liberar
armas para ricos
Livremente
matar pobres
Na
cabeça dessa gente
É
causa cristã de nobres
O
valor da vida humana
Ness’ideia
tão tirana
É
medida a chumbo e cobre
Na
verdade o que importa
É
o mercado se salvar
A
indústria armamentista
Tem
direito de lucrar
Teremos
mais homicídios
Menos
gente para presídios
Menos
crime p’ra julgar
Unir
ministérios opostos
É
algo de arrepiar
Entregar
meio-ambiente
Pro
latifúndio explorar
Barrar
a reforma agrária
É
condenação sumária
Ao
futuro alimentar
Explorar
a Amazônia
Em
pasto e mineração
A
tragédia em Mariana
Já
não causa comoção
E
nem mesmo Brumadinho
Lhe
entorna o cadinho
De
tal alucinação
É
notório e assustador
O
festival de asneiras
As
medidas absurdas
Que
à loucura abeira
Privatizar
é a meta
E
não é pauta secreta
Como
não o é a sujeira
Direitos
Humanos: zero
Direitos
sociais: negados
Diversidade:
um crime
O
Brasil está fadado
Ao
retrocesso geral
Por
um golpe desleal
Pelo
interesse privado
Indígenas
ameaçados
Minorias
fora da pauta
Sem-terra
correndo risco
Num
governo internauta
Israel
e Venezuela
É
o tema da novela
Nessa
nação incauta
Eleitor
manifestoche
Deu
início ao surreal
Elegeu
o retrocesso
Nesse
país tropical
Foi
pelo antipetismo
Como
um dogmatismo
“Grande
acordo nacional”
Temos
tema pra comédia
Pra
drama e pra terror
A
censura e a inquisição
Recuperam
seu vigor
É
tempo de incerteza
Em
que nossa pequeneza
Nos
fez este desfavor
Só
que nada está perdido
A
arte está despertando
E
a chama do protesto
Continua
flamejando
E
o Brasil é um celeiro
Desse
labor condoreiro
E
assim vamos lutando
Combatendo
a boa luta
Contra
a alienação
Causando
a estranheza
Levantando
a questão
Fazendo
o povo pensar
Questionar,
duvidar
Essa
é nossa obrigação
Vou
ficando por aqui
Sem
perder a utopia
Da
igualdade social
Q’ainda
verei um dia
Com
divisão da riqueza
E
com o fim da pobreza
E
o povo com moradia
Distribuição
da terra
Soberania
nacional
Com
emprego para todos
Numa
democracia real
Sem
lugar para o fascismo
Ou
mesmo o despotismo
É
o que é essencial.
Inamar
Coelho, 02/02/2019