125 anos do
Fogo de Maceté.
O dia vinte e seis de maio
Início da trajetória
Do embate iniciado
Que guardamos na memória
De luta, coragem e fé
O fogo de Maceté
Um marco da nossa história
Quando Antônio Conselheiro
Andava pelo sertão
Encontrou em Maceté
Acolhida e atenção
Mas aquele penitente
Co’aquele povo valente
Sofreram perseguição
Chegava no seu encalço
Tal força policial
Do Estado da Bahia
Portando seu arsenal
Os praças e o Tenente
Prenderia o penitente
Por um ato oficial
Mas na hora do embate
O povo de Conselheiro
Em defesa de seu líder
Fiel e sempre ordeiro
Revidou com valentia
Ali o “fogo” acendia
Era o embate primeiro
Foi tiro pra todo lado
Da parte da força armada
O povo do conselheiro
Com facão e espingarda
Alguns soldados morreram
Os que sobraram correram
Em fuga desordenada
Foi em mil e novecentos
No ano noventa e três
Era vinte e seis de maio
Digo a todos vocês
Ali começou uma guerra
Que manchou a nossa terra
E digo com lucidez
N’Os Sertões tem o registro
Da tentativa covarde
Do ataque aos penitentes
Na surdina e sem alarde
Em um massacre sangrento
Mas outro foi o evento
Até hoje o “fogo” arde
Morreu gente do beato
Da tropa também morreu
Maceté foi o lugar
Onde tudo ocorreu
Ali o fogo primeiro
E Antônio Conselheiro
Aquele que o acendeu
Ainda hoje crepita
O fogo nos corações
E cada ano se acende
Em belas atuações
Os jovens de maceté
Em arte, cultura e fé
Vencendo limitações
E todo ano esse fogo
Mantendo a chama viva
Recontando a história
Tornando a data festiva
Através da juventude
Com arte e atitude
Que a história sobreviva
Depois dessa tentativa
De matar o Conselheiro
Formam quatro investidas
Do governo Brasileiro
Na quarta expedição
Sob tiro de canhão
Um massacre verdadeiro
Que fique aqui registrado
Que o povo não se rendeu
Que os motivos da guerra
A gente não esqueceu
Está vivo na memória
No fogo e na história
O crime não prescreveu
Que o fogo de Maceté
Aqueça os corações
Tornando viva a história
Trazendo novas lições
Pra essa gente sofrida
Pelo brasil esquecida
A alma desses sertões.
Inamar Coelho, 21 de maio de 2018
Escrito para homenagem à iniciativa dos jovens de Maceté, especialmente à Bruno Maceté e sua militância para manter viva a chama da história.